Abaixo está postada a Coluna de Estratégia & Análise no brioso Repórter Popular, Ano 2, No. 05, página 2, que acaba de sair do forno. A imprensa dita nanica, ou alternativa, ou o jornalismo popular, insiste em remar contra a maré, mas não se rende. Na tarde e noite desta 5ª dia 3 de abril, a equipe de redação do Repórter Popular estará “lançando” o jornal em plena Esquina Democrática. No coração da capital gaúcha, no cruzamento da Borges com a Rua da Praia, a partir das 17h15m, trabalhadores, de mídia, comunicação, cultura e opinião vão estar de peito aberto para defender suas idéias e seu veículo. A nota abaixo é um aperitivo do quinto exemplar impresso. Boa leitura, e que João Sem Medo Saldanha e Rodolfo Walsh nos protejam.
Pampa, eucalipto e mulheres de fibra
Malandragem de papel
A lei brasileira proíbe empresas estrangeiras de possuir terra nos 150 km a partir da linha de fronteira. Dando uma volta no país, a transnacional Stora Enso comprou mais de 50 fazendas, ultrapassando 45 mil hectares de área. O equivalente a 45 mil campos de futebol! A firma sueco-finlandesa foi malandra, mas sincera. Abriu uma firma laranja, a Azenglever Agropecuária e pôs seu diretor florestal e vice-presidente como donos. Depois, escancarou o esquema em sua página oficial. Disse que a solução foi uma meia boca até a lei mudar. Santa sinceridade!
Laranjas do eucalipto
O resultado da malandragem acima foi a maior concentração nominal de terras da história do Rio Grande. Hoje, os dois laranjas da Stora Enso, João Fernando Borges e Otávio Pontes, são os maiores latifundiários do estado. Na verdade, ambos são funcionários dedicados, que emprestaram seus CPFs para que uma das maiores empresas florestais do mundo avance sobre o território gaúcho, sugando nossos recursos naturais. É pena tanta dedicação para ajudar a vender o país.
Censura, pauleira e virada no Pampa
Na madrugada de 4 de março, 900 mulheres e crianças da Via Campesina ocuparam uma das fazendas da Stora Enso. A Brigada desceu a lenha e até a imprensa foi proibida de registrar a carnificina. A resposta veio na quarta 5 de março, quando mais de 8 estradas foram bloqueadas por sem-terras. Na capital, um ato da Resistência Popular, Catadores e Oi Nóiz atingiram o fígado do governo, em pleno Teatro São Pedro. No dia seguinte, os trabalhadores desempregados promoveram 6 atos de protesto contra o aumento do custo de vida. Assim ainda vai dar para virar a mesa.