25 de junho de 2014, Bruno Lima Rocha
O tema das relações entre futebol e política é real, necessitando de um debate pautado pela análise rigorosa. Em 2014, esta correlação também se encontra presente, tendo começado pelas manifestações de 2013 durante a Copa das Confederações; passando pelo clima de pânico instaurado com o slogan: “imagina na Copa?”; e materializado em dois campos de ação simultâneos ocorrendo durante a competição. No presente artigo analisamos a tabelinha entre mídia e política e no seguinte, a ação de massas.
Os grandes eventos esportivos têm o poder de impor a sua realização como a agenda mais relevante durante o acontecimento. No caso da Copa do Mundo do Brasil, esta é uma evidência. Por mais poder que tenha a FIFA, e ainda que o futebol seja o esporte mais popular do planeta, este fenômeno não ocorreria sem a capacidade das indústrias de mídia em transformar o espetáculo na forma mercadoria em um evento massivo e onipresente. É tamanho o agendamento do campeonato mundial dirigido por Joseph Blatter que este demarca a ante-sala da política nacional em pleno ano de eleições presidenciais.
Na primeira fila observamos o evidente sucesso da Copa, marcado pela adesão massiva da população e o triste papel midiático. A figura da indústria promotora do evento subordina o nobre (e controverso) rol do jornalismo como bastião de toda e qualquer forma de democracia; o legado de coleguinhas como João Saldanha não se encontra presente.
Nota-se uma aliança um tanto inesperada. O governo de turno, de centro-direita e com um verniz de “esquerda”, caracteriza as empresas líderes da comunicação social como o principal partido de oposição, estando estas alinhadas – hegemonicamente – ao pensamento pró-ocidental e neoliberal. Concordo com a caracterização e vejo que, com a promoção do evento da FIFA, os conglomerados detentores dos licenciamentos o promovem de forma acrítica.
No campo oposto, de perfil baixo e discreto, a oposição política, notadamente de perfil udenista e atendendo pelo neologismo de “coxinha”, termina por torcer contra o sucesso tanto do evento como da seleção brasileira. A lógica é simplória e pragmática. Se o Brasil ganhar no campo o clima de euforia terminaria por favorecer a reeleição da herdeira de Lula. Como se sabe, com uma eventual eliminação do time da CBF, a campanha inicia de forma antecipada, passando a ser o tema mais relevante.
Tanto para o Planalto como para as empresas de TV - de sinal aberto ou por assinatura - este sonho da UDN seria o pior dos pesadelos.
Artigo originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat.