Dessa vez, a deputada Ângela Guadagnin (PT-SP) se superou. Não pela dança, pois isso é falsa polêmica, mas sim pela franqueza. Na defesa de seu correligionário, ela não se conteve e extravazou sua alegria.
No mesmo país e estado que dona Ângela é representante já há dois mandatos, outro evento acontece. Um dia depois de mais um acusado de envolvimento no mensalão ser absolvido em plenário, uma doméstica, 18 anos, mãe, desempregada, sai da cadeia em São Paulo após ter roubado um pote de margarina que custa R$ 3,15.
Os fatos brasileiros falam por si só. Não se trata de denuncismo nem nada do gênero, mas simples constatação. O Exército faz acordo com traficantes, o Judiciário não pune quem tem de punir, o STF faz o jogo do Planalto, a Câmara aumenta novamente o salário de seus funcionários e apesar de tudo isto, quem vai em cana é a doméstica paulista que afanou o pote de margarina.
O pior é que o ano está apenas começando, a campanha pegará fogo e o nível tende a cair. Afinal, está em jogo a parcela de poder tocável e "mexível" como diria o filósofo Antônio Rogério Magri, ex-ministro do Trabalho de Collor.
Algum visitante mais atento, se leitor de jornal de grande circulação ou telespectador de jornal de emissoras nacionais se espantará com a dimensão do problema crõnico que é a vida pública nacional. Mas, como vende, dá audiência e gera credibildade, a grande mídia difunde em linhas gerais a crise que é permanente e é produzida pelos gestores da nação.
E no final, quem paga o pato, como sempre,é o caseiro e a doméstica.