A pressão essencial nas democracias latino-americanas é por aumento do exercício do poder direto, também chamado de poder popular. Embora seja um conceito com várias interpretações, esta meta soma a pauta reivindicativa com o exercício de outras formas de gestão da sociedade. Óbvio que nada disto passa ao largo do Estado.
Mesmo quando sendo ignorado, o poder estatal está presente combatendo, como na Colômbia “democrática”. Um dos frutos indiretos desta forma e meta de luta acaba sendo a eleição de governos de “esquerda”, como é o caso atual de Venezuela, Uruguay, Brasil, Argentina, Bolívia e Chile. Entendam, em alguns casos, a lógica eleitoral leva ao efeito indireto. Este é o exemplo dos governos de Chávez, Morales e até o de Kirchner. Nos outros casos, a vitória eleitoral não foi fruto de ativismo social mas sim de desmobilização popular.
Dento deste padrão mobilizador, vemos duas pautas presentes, típicas das demandas do poder popular. Uma delas é a idéia de nação muito presente, e a conseqüente demanda por aumento de soberania e controle dos recursos naturais e econômicos. A outra, é a divisão de renda pura e simples. “Apelidados” pelos sábios de populistas, com mais ou menos carisma, os governos citados, eleitos democraticamente para isto, se vêem emparedados por seu próprio eleitorado - ainda devidamente mobilizado - e exigindo estas pautas nas ruas. Estivessem estes eleitores em casa e nada aconteceria, nem moratória da dívida Argentina, nem nacionalização da PDVSA ou do gás boliviano, tampouco luta por frentes de trabalho, reivindicação básica que ancora o governo de Kirchner.
No caso brasileiro, o futuro e provável WO eleitoral, aparenta um horizonte de marasmo popular.