Da contradição de interesses entre as Teles e os Radiodifusores, especificamente tendo à frente a Telefônica de España e as Organizações Globo, o Planalto da gestão Dirceu-Meirelles e posteriormente na continuidade do modelo de gestão, agora por dentro, com Dilma-Meirelles-Márcio Thomaz Bastos, não conseguiu aquilo que desde já sabia ser impossível. Ou seja, mesmo nos mais profundos devaneios sociais-liberais (na definição empírica e prática de FHC quando da campanha de 1994), sempre foi sabido que a Globo nunca seria uma aliada estratégica.
Ainda assim, a julgar pelo comportamento de sua mídia impressa e da difusão da TV aberta, que é quem pode virar uma parte do jogo para o outro candidato de São Paulo, a família Marinho e seus sócios japoneses vem se portando muito bem. A dizer, se comparado com outras campanhas e outros momentos do Estado brasileiro, como no governo Sarney ou mesmo no 1º mandato de Fernando Henrique, esta indústria está calma e homeopática nas doses de bajulação e pauladas subliminares.
Na propaganda política do candidato do governo, a reivindicação da assinatura do padrão japonês é uma prova viva daquilo que aqui afirmamos. Mais, a emissora que mais bateu durante a crise de 2005, o Grupo Bandeirantes, da família Saad, muito mais orgânica dos capitais e do agronegócio do que a própria Globo, de uns tempos para cá terminou acalmando-se. Abandonando Cisneros-Civita a uma posição isolada, embora estes dois grupos estejam associados no carregamento da TVA São Paulo, a Band contrata no seu canal de UHF ao filho de Lula e recentemente, ao jornalista Franklin Martins. Ou seja, se aliam taticamente em alguns aspectos, mas tem uma forma de acumulação distinta. Uma, por fora, apostando todas as fichas na oposição Tucana-Udenista. A outra, a Band, aposta em todos para não perder nunca.
É a loucura que faz desintegrar as análises de críticos das comunicações no Brasil. Dão pauladas sem fim no Globo, mas se esquecem que o jornal impresso fala para nós mesmos, minoria absoluta com capacidade cognitiva ancorada no letramento sofisticado.
A inversão da ordem do discurso, faz com que todos procurem alguma conspiração para justificar a contra-conspiração. Fazendo da norma a anomalia, escondem a maior das anomalias, o próprio jogo conspirativo da mídia pesada e seu canto de cisne, antes que as Teles entrem com tudo e terminemos por até a sentir saudades de um editorial do Jornal Nacional.
Detalhe, ao contrário de Getúlio, que ancorara seu suporte midiático apoiando o grupo de Samuel Wainer, Luiz Inácio preferira negociar com parte dos grandes jogadores a arriscar a pôr mais um em campo.