Domingo de temporal (23/09/2007) se torna uma constante agonia nos lares urbanos do Rio Grande outrora gaudério. Pouco depois do fatídico empate colorado em terras mineiras, vou trocando de canal freneticamente e dou de cara com o Secretário Nacional de Justiça em um programa desportivo. Se tu não sabes quem é, tenha a certeza de que o nome de seu pai é muito conhecido.
Ex-deputado estadual pelo PMDB de São Paulo, o mesmo foi correligionário de Milton Temer, é filho do senador e ex-agente do DOPS Romeu Tuma (UDN Paulista) e fez oposição ferrenha a Alberto Dualib. Sim, falamos de Tuma Jr., o Tuminha, mais um representante da república árabe-paulista. Antes que algum desavisado me acuse de racista, afirmo que sou tão árabe (parte de pai) como Paulo Salim Maluf, João e Johnny Saad, Wadih Helou, Nesi Curi, Paulo José Farah, Nabi Abi Chedid, assim como os 140 nobres parlamentares brasileiros com origem no sangue de Ismail. Portanto, de meus brimos de suspeita trajetória, falo com bastante propriedade.
Voltando ao futebol tupiniquim, o tema é o de sempre, a lavanderia georgiana instalada no Parque São Jorge, com a anuência da nave mãe da TV brasileira. E, como prima pobre, a Rede TV expõe Tuma Jr., conselheiro corintiano, hoje figura de 1º escalão na administração estatal brasileira, entrando no mérito da interna de seu clube de coração. Antes que me perguntem o que tudo isso tem a ver com a crítica da mídia, repito: “Tem tudo a ver!” (até lembra aquele bordão institucional...).
Sendo o direito de transmissão e venda em canal fechado das partidas do Campeonato Brasileiro a maior receita dos clubes, verba essa antecipada, a TV é praticamente o caixa das entidades futebolísticas de direito privado e coletivo. Sim, porque os clubes não são uma S/A e entendo que não devem ser. As emissoras de TV têm muita, mas muita responsabilidade na gestão do esporte no Brasil.
Se praticassem jornalismo, a coisa ia feder, e feder para o bem. Explico. Cada grande clube tem ao menos um setorista, um profissional da informação e da notícia cobrindo o campo e vestiário todo dia. Este repórter, se talento tiver, entrará pelos meandros da cartolagem, contratos e negociações. Ou seja, dará menos atenção aos 3 celulares que cada uma das jovens promessas boleiras tem e se voltará para os bastidores. Entra em cena o modo de produção jornalística. Eis a censura prévia, que impedirá, a mando dos patrocinadores do espetáculo – dentre eles a própria TV, cabeça de rede e matriz de um grupo empresarial de comunicação – que o repórter cumpra com seu dever de ofício.
Voltando ao (o)caso corintiano, poucos anos depois, a tragédia de uma morte anunciada se revela. Dualib acusa seus ex-sócios. O iraniano se manda, o georgiano fica calmo e sossegado em Londres – o Chelsea lhe bastaria, mas este já tem outro dono, russo, de nome Roman Abramovitch.
E, no mundo dos mortais do Parque São Jorge, registra que apenas 16 conselheiros haviam resistido à venda do patrimônio da Fiel Torcida em troca de dólares de duvidosa procedência e rápida, instantânea permanência. Eis que, nos estertores da cassação das poucas bruxas que sobraram, aparece como paladino da defesa dos interesses do povo corintiano, o filho do xerife e ex-homem de confiança de Paulo Maluf quando o empreendedor de papel era governador indicado pela ditadura. Os dividendos são o trânsito e a memória com a massa.
Tão popular esta torcida que até pastoral já teve sob o comando de Dom Paulo Evaristo Arns. Mas, estas palavras seriam levianas. Tuminha não tem interesses, ama o Corinthians, não se preocupa com a exposição midiática, doa seu tempo e final de semana para entrar em cadeia nacional e defender a moral e a equidade. E tudo por amor à camisa; e uns votinhos também que não fazem mal a ninguém. Melhor ainda, enquanto estiver circulando por gabinetes comissionados, não tem de se preocupar com Marcola e Cia. podendo permanecer um bom tempo entre o Ministério da Justiça, a Alesp e os carguinhos na PF para a qual nem ele nem seu pai jamais fizeram concurso público para adentrar na elite da polícia brasileira. Mas, estes detalhes são advindos de uma mente ardilosa, mescla de árabe com colorado sentido da roubalheira de 2005 e do fato de que Fernando Carvalho se mixou para a cartolagem do “centro” do país.
Em se tratando de lavagem e etc., tudo isso ocorreu porque o Banco Central não interveio. Ou seja, porque o governo de banqueiros se recusou mais uma vez a governar. Em defesa da livre circulação dos capitais voláteis, os dólares digitais com Kia à cabeça, entraram, rolaram, circularam e saíram do Brasil. A bomba explode no colo de Dualib, também cúmplice e culpado, tal e como Renato Duprat e todos os conselheiros que votaram a favor da “parceria” com a MSI.
Nota originalmente publicada no portal do jornalista santamariense Claudemir Pereira