Como é sabido, o futebol é um grande negócio. A paródia da vida é hoje determinada pelo lucro, parte mais importante de um esporte que ainda motiva milhares de pessoas a irem aos estádios. Paixão mediatizada por símbolos e marcas, quase sempre sob pouco ou nenhum controle por parte das equipes. Empresas como Adidas, Nike, Gillete, têm em suas fileiras grandes jogadores como peças de propaganda. Associando a imagem do craque a paixão mundial, a combinação binária e vulgar motiva milhões a comprarem suas mercadorias.
O fluxo incessante de capital descontrolado, faz com que mais um guri da Vila Nova seja uma futura commodity de valos estimado de US$ 2 milhões a US$ 50 milhões de dólares. Isto também torna o futebol menos atrativo, principalmente para os torcedores de países pobres, vendo seus campeonatos esvaziados e terminando por torcer por clubes europeus. Nossas plantations pós-modernas embarcam duas pernas portadoras de cabeças ainda vazias. Atletas com apenas 16, 17 anos buscam a tão sonhada independência financeira para suas famílias e o desejo de ficarem famosos na Europa. Assim, empresários triangulam o investimento futuro, muitas vezes aliciando-os a jogarem em clubes patrocinados/controlados por holdings cujo capital majoritário cruzado é das próprias transnacionais. A Fifa, no caso da Copa do Mundo, conseguiu ignorar o orgulho alemão de ter na cerveja sua adoração nacional, ao negociar a exclusividade da cerveja vendida nos estádios para a americana Anheuser-Busch, dona da Budweiser.
Assim como a cerveja alemã, a Copa do Mundo é patrocinada por diversas empresas que buscam uma afirmação ou entrada no mercado futebolístico, pois apenas nesse campeonato especula-se que quase 2 bilhões de pessoas a assistam. Portanto, é um ótimo mercado a ser explorado, melhor cartão de visitas, impossível. A porta de entrada é a própria FIFA centenária, entidade máxima do futebol mundial, que organiza os contratos de publicidade e exclusividade para com esses fornecedores lucra o máximo que pode, com o apoio das federações dos países mais fortes do futebol mundial, tornando o esquema de lucro mais atraente para o investimento estrangeiro em países pobres. Uma presta apoio financeiro para com seus associados, caso da Fifa, e os outros prestam apoio político à associação do futebol mundial, para continuarem com esse negócio tão lucrativo. Tudo é vendido, desde a exclusividade dos cartões de crédito da Copa até a empresa que vende “cheeseburguers” nos estádios.
O maior torneio de futebol do planeta faz uma S/A da imagem e ação televisionada. A sociedade de emoções humanas entre paixão, um jogo cultural e verbas. E pensar que na origem o esporte mais querido do planeta foi popularizado para disciplinar a mão de obra das fábricas inglesas no século XIX. A classe se apropriou do jogo, transformou-o em religião e hoje recebe a vingança da patronal, em forma de marcas e multis, com a bênção do esquema Havelange-Blatter.
Esta Nota foi redigida por João Vitor Cassela Novoa e revisada por Bruno Lima Rocha