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Desvendando conceitos da política – referência e gravitação


Ao contrário da física, a Lei da Gravitação na política pode ser quebrada pela existência de múltiplos agentes gravitando no mesmo ambiente.

4ª, 22 de novembro de 2006, Vila Setembrina dos Farrapos, Continente de São Sepé

Volto a este portal mantendo o intuito de contribuir para o empoderamento dos leitores. Explico. Com a correta carga de informação, torna-se possível operacionalizar conceitos de análise. Estes, no meu modo de ver, são conceitos analíticos e operacionais. Aliás, uma analogia correta, é comparar aos conceitos como uma caixa de ferramentas. Seu uso, tal como a ferramentaria de um operário especializado, varia de acordo com a circunstância, possibilidade e demandas.

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Um debate interessante de ser aplicado é o que mescla duas idéias relacionadas. São elas: a referência e a gravitação. Comecemos pela primeira. Referência em política é o balizamento que o público em geral e o entorno de uma organização aplica para uma determinada idéia ou pessoa. No momento, a referência conceitual analítica para as questões sociais é a idéia gramsciana de sociedade civil, sociedade política/Estado e sociedade econômica/Mercado. No entrevero da sociedade civil, entra no mesmo bojo associações de cunho classista, cultural e corporativo. E, operando sobre a sociedade civil, uma nova escala de intermediários, chamadas de redes de terceiro setor.

Resultado do múltiplo referencial é o uso difuso de um conceito que não se torna operacional. A idéia de balizamento é interessante e mais visível. Um determinado dirigente político pode ser referencial para um grupo. Muitas vezes, a referência externa, para o grande público, não revela a correlação de forças na interna daquela agrupação. Ainda assim, é costume escutarmos que quando o “Fulano” fala, entende-se que o total daquele movimento ou partido está emitindo opinião. Isto pode, inclusive, representar uma intenção no sentido contrário.

É costumeiro o uso da opinião do entorno para influenciar o ambiente interno de uma agrupação. Com a presença da mídia, aumenta-se a referência externa, apontando para dentro posições muitas das vezes, sequer discutidas. Quando vemos os cardeais do Congresso declarando opiniões “pessoais”, na maior parte das vezes, eles estão utilizando seu peso gravitacional para tornarem-se referenciais em temas delicados ou de seu interesse direto. A arte da declaração é fundamental no jogo político, por dentro ou por fora das regras formais.

Quanto maior a capacidade de referenciar a posição dos demais, maior será o peso gravitacional de um ator político individual ou um agente coletivo. A opinião pública é constantemente abalada por opiniões ou posturas prévias de um ou mais agentes com muita gravitação. O mesmo se dá com indivíduos. A cristalização de lideranças leva a um maior número de pessoas a buscarem neste ou naquele dirigente/político profissional a capacidade de interlocução ou mediação de conflitos. Assim, se desmagnetiza a força coletiva, passando a ter mais poder e presença a estrutura que gira em torno de um operador político.

Nos partidos de esquerda parlamentar e institucional, este fenômeno é corriqueiro e ainda mais sentido do que nos clássicos operadores individuais de direita. Quando um militante sindical sai indicado para dirigente de sua categoria, torna-se conhecido. Assim, pode canalizar esta referência entre milhares de pessoas, nos momentos de mídia e na centralização decisória como capital político para sua corrente ou facção. Ao longo do tempo, este referência pode ser aplicada em uma candidatura parlamentar. Uma vez eleito, a tendência à autonomização do mandato e das vontades políticas do operador é um destino manifesto.

Como contrabalançar o peso de referência e gravitação de um indivíduo em relação ao coletivo de origem é um dos entraves da representação democrática. É consenso entre os cientistas políticos referenciados nas experiências concretas da América Latina que a democracia como está é um regime fadado a levar as maiorias a sentirem-se frustradas e céticas. Um dos motivos é a absorção de seus líderes históricos para uma outra lógica de comportamento de classe. É como se o político passa-se a pensar como agente de sobrevivência pessoal e não com delegação de uma parte do povo para seus interesses defender.

A contabilidade nas finanças públicas deveria ser acompanhada não apenas na fiscalização sobre políticos profissionais, mas por mecanismos de decisão concorrentes e complementares. Somente com dotação orçamentária e conselhos municipais participativos e com condições reais de decidirem é que atingiremos um primeiro passo para ser a instância coletiva, e não os indivíduos, a referência da sociedade.

O mesmo se dá na gravitação política. A reforma política das listas fechadas não é a panacéia da democracia e nem solução para nada. Uma saída viável é assumir que os mandatos pertencem ao partido e não ao indivíduo. Assim, se corta ou dificulta a capacidade de autonomização do representante transformado pela força da delegação coletiva em gestor público. Pouco a pouco, a gravitação pode ir migrando para a opinião pública se começarmos a aplicar um sistema de plebiscitos para as decisões mais importantes.

Passar a referência e a gravitação política dos indivíduos para os coletivos organizados é aumentar a eficácia da democracia em nosso país e Continente.

artigo originalmente publicado no portal 40 graus






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