Estrat�gia & An�lise
ISSN 0033-1983
Principal

Artigos

Clássicos da Política Latino-Americana

Coluna Além das Quatro Linhas

Coluna de Rádio

Contenido en Castellano

Contos de ringues e punhos

Democracy Now! em Português

Democratização da Comunicação

Fale Conosco

LARI de Análise de Conjuntura Internacional

NIEG

Original Content in English

Pensamento Libertário

Publicações

Publicações em outros idiomas

Quem Somos

Sobre História

Sugestão de Sites

Teoria



Apoiar este Portal

Apoyar este Portal

Support this Website



Site Anterior




Creative Commons License



Busca



RSS

RSS in English

RSS en Castellano

FeedBurner

Receber as atualiza��es do Estrat�gia & An�lise na sua caixa de correio

Adicionar aos Favoritos

P�gina Inicial












































Artigos
Para jornais, revistas e outras mídias

O fundo de realidade na falta de POLÍTICA para a “economia” brasileira


Roberto Setúbal, presidente do Itaú, é o homem forte da banca que falante na língua de Machado de Assis. Herdeiro de Mauá, ELE comunica ao presidente eleito o futuro da Banca no Brasil que o ex-sindicalista deveria governar.



Bruno Lima Rocha

Há um problema de fundo, que vai além da aposta na jogatina financeira com o valor da moeda brasileira em relação ao dólar. Não há crescimento sustentável que se agüente sem estar ancorado na poupança interna. Qualquer macro economista, pós-keynesiano ou economista político decente vai afirmar isso. É impossível imaginar a soberania da decisão política se esta capacidade decisória “flutua” sobre recursos que os mecanismos sociais de regulação econômica não controlam. Isso é impossível no capitalismo, que dirá em outra forma de gerir a sociedade. Portanto, quando os agentes econômicos “se expõem” ao endividamento com outro indexador que não seja a própria moeda do país, ficamos todos à deriva das infelicidades destes gestores.

Não estamos falando dos tubarões do mercado financeiro, mas sim de quatro em cada cinco empresas não-financeiras e que tem ações negociadas na Ibovespa! 4 em 5, mais de 80% do capitalismo real privado no Brasil! Portanto, são empresas de capital aberto, empregando gente e são vitais em uma cadeia de valores de sustentação de cidades inteiras. De cada duas S/A operando no Brasil e jogando seus papéis no Índice da Bolsa de São Paulo (Ibovespa), uma pode estar endividada na moeda controlada por Bernanke e Paulson! Este dado, publicado no Jornal do Comércio do RS, de 3ª 28/10/2009 (pág.7), nos evoca o debate de fundo e que nenhum “especialista” de opinião econômica quer entrar.

Semana passada comentei o fato político com enfoque econômico no curso “Mídia, Controle e Democracia”, promovido pelo Grupo de Pesquisa Cepos/Unisinos e onde participo. Apenas citei de memória este dado. Entendo que um tema assim é um escândalo nacional. Se o público que assiste a novela do eucalipto tivesse a capacidade cognitiva e a motivação ideológica para a rebeldia, apenas esse dado valeria um Caracazo! 4/5 da economia brasileira de capital aberto está pendurada em papel podre, usou o dinheiro captado para apostar na jogatina e agora vê seu valor arriscando cair. A fraude nos balanços da Enron abriu a porteira para o inferno dos números que não comprovam o valor real.

O Estado não é nem responsivo às demandas sociais e menos ainda é regulador do capitalismo exercido no Brasil. Nem as autoridades diretas e nem as delegadas pelos próprios entes faz nada perante o deita e rola dos agentes financeiros. Onde estava a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que não monitorou essa loucura? Para que existe o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) e não controla atividade alguma? Ah, não por acaso este órgão pertence ao mesmo Ministério da Fazenda! Sim, o mesmo Ministério cujo responsável, o economista Guido Mantega, disse desconhecer o “tamanho real do problema” com papéis tóxicos? Para que Estado se não regula? Depois reclamam da farra dos aventureiros das finanças e da jogatina com a moeda nacional e o patrimônio alheio!

E agora o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), mais uma vez não defende nada e aconselha menos ainda. Este órgão do Ministério da Justiça é tão (in) executor de políticas e braço operador de Justiça quanto mantém o padrão de não regular nada e apenas definir leite já derramado. O mesmo que sucedeu com a AmBev (compra da Antarctica pela Brahma) termina por ocorrer na compra do Unibanco pelo Itaú. A família Moreira Salles se livra de um problema, descola o Banco do embaixador com a vinculação à falimentar seguradora AIG, planta rumores de que iria ser comprado pelo Santander, flerta com o Bradesco e se deixa incorporar pelo Itaú.

O presidente da República foi informado do negócio. Ex-dirigente sindical, soube de uma fusão que encolhe o mercado interno, otimiza duas empresas em uma e certamente vai gerar demissão da categoria dos bancários. O ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo nada fez e nem deixou fazer. Aplaudiram de longe e plantaram a notificação futura do CADE a respeito do negócio já consumado. O mesmo se deu com os acionistas das duas corporações. Nada falaram e nem foram consultados. As tarifas bancárias e a taxa Selic são os fatores dos superávits recordes da Banca brasileira. A agiotagem de terno e gravata precisa do Ministério da Fazenda e do Banco Central. Com certeza o governo do Copom, com o presidente Fernando Henrique Meirelles soube antes e aplaudiu a medida. Os demais são comunicados depois.

No capitalismo do Brasil não precisa de CADE, COAF, Ministérios da Fazenda e da Justiça e nem Presidência da República. A margem de manobra da Banca é tão grande como um ponto de jogo do bicho na esquina de avenida movimentada. Já tem arrego para a patrulha da área e ninguém corre de cana. No Planalto Central e na São Paulo de Piratininga, ninguém corre do Estado, porque o Estado existe para servir a acumulação de capital da banca de agiotas com terno sob medida e gravata de seda importada.

Que democracia é essa?!

enviar
imprimir






voltar