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Para jornais, revistas e outras mídias

Desvendando conceitos da política – causa e conseqüência


O buraco das empreiteiras, a falta de fiscalização e a inexistência de um plano de evacuação da área entregam a própria sorte aqueles que pouca sorte tiveram e terminaram por perderem vidas e patrimônios na irresponsabilidade criminal das mega-empresas

3ª, 16 de janeiro de 2007, Vila Setembrina dos Farrapos, Continente de São Sepé

Vivemos a era da oferta da comunicação, onde abundam os conteúdos e escasseiam os veículos com chances de longevidade. Como toda indústria capitalista, os meios de comunicação social, eletrônico ou impresso, massivos ou segmentados, tende a aglutinar capital, recursos e potencial. A política, ancorada que está nos fatos midiáticos, se escora na inversão das realidades.

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O exemplo maior do espetáculo da desinformação se deu na primeira quinzena de janeiro. Refiro a cobertura do desastre (ou falha técnica) do Consórcio Via Amarela, Linha 4 do Metrô de São Paulo, nas obras da Estação Pinheiros. Na tarde de 6ª dia 12 de janeiro, as duas redes de televisão que deram o furo e a cobertura continuada, em especial a que posicionou o seu helicóptero de prontidão em cima do gigantesco buraco, abusaram no desserviço jornalístico.

Uma das primeiras manobras que se aprendem nas escolas de comunicação é a inversão dos agentes. Troca-se o anunciado, e a causa desaparece, chamando a atenção para a conseqüência. No caso específico do desastre do Consórcio Via Amarela nenhuma TV pressionou as empreiteiras encarregadas das obras. Acompanhei por horas a cobertura televisiva da Rede Record (controlada pelo consórcio-empresarial religioso do Bispo Macedo), retransmitindo em cadeia nacional, e não me recordo de nenhuma entrevista ou sequer questionamento para as diretorias, sejam técnicas ou administrativas, destas mega-empresas.

Detalhe, falamos das cinco maiores construtoras do país, são elas: Norberto Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão, Camargo Correa e OAS. As transnacionais operando no consórcio são gigantes, Siemens e Alstom, responsáveis dentre outros equipamentos, pelo chamado “tatuzão”, escavadeira gigante. Ou seja, se existe causa, esta parte do agente da obra, as construtoras, e do poder concedente, o governo do estado de São Paulo. Como o empreendimento está segurado, e até esta semana o resseguro é pago pela União através do IRB, o prejuízo das empreiteiras está coberto.

Mas, e o serviço para a população? Tanto o serviço de fiscalização, ofertado pelo Estado e sua respectiva secretaria, como aquele prestado pela concessionária de serviço publico de radiodifusão. Sim, nunca é demais recordar que a radiodifusão (TV e rádio, além do uso do papel jornal), é uma regulação estatal de um serviço público. Em tese, e apenas em tese distante, os meios de comunicação social são uma concessão publica. Por tanto, a seguir algum código de orientação, deveriam expor lados, versões, causas e conseqüências.

Não precisa ser especialista no assunto para saber que é justamente o oposto daquilo que ocorre diariamente na grande mídia brasileira. Escondem a causa do desastre e passamos a discutir o desastre em si. Como no Brasil o Estado não funciona, e há o triste costume de não informar, as câmaras de TV se agarram ao justo desespero dos familiares das vítimas. São perguntas simples e precisas, tais como:

- O consórcio vai pagar indenização para as vítimas?

- Qual pessoa jurídica será responsabilizada pelo desastre?

- Vão ser reconstruídas as casas e edifícios, construí-los em outro lugar ou indenizar os proprietários e inquilinos dos imóveis destruídos?

- As pessoas envolvidas no entorno receberão o pagamento pelos dias parados?

- De qual caixa sairá o montante do seguro do desastre?

- Quando e sob que critérios as obras serão retomadas?

- Quanto tempo demora a sair o laudo do desastre?

- Qual será o valor da multa aplicada no Consórcio “responsável” pela obra?

E, já que falamos de causa, tampouco as pessoas jurídicas tem sentido de existência própria. Por mais forte que seja uma organização empresarial ou ente estatal, todas têm titulares, 1º, 2º e 3º escalão, níveis de gerência, departamentos técnicos e uma cadeia de comando a ser respeitada. Assim, à medida que as pessoas jurídicas forem sendo responsabilizadas, esta decisão deve ecoar na interna destas organizações.

Esta é a lógica da política crua, infelizmente, pouco ou nada refletida tanto na cobertura jornalística como no ambiente jurídico do país.

Artigo originalmente publicado no portal 40 Graus, seção de Colunistas






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