Faleceu o médico cardiologista Enéas Carneiro, mas antes morreu sua visão de partido e de política. Deputado federal mais votado na história do Brasil, no pleito em São Paulo nas ultimas eleições gerais, perdeu o rumo nos anos anteriores da fusão do Prona com o PL.
Não foi a cláusula de barreira que forçou o Dr. Enéas para a fusão. Foi simplesmente a opção por fazer política a partir de fatos midiáticos, longe da organicidade de gente que o antecedeu. Seu discurso, de nacionalismo conservador, vai ao encontro de uma economia meio corporativista, com traços e keynesianos e flertes integralistas. Ao oposto da Ação Integralista Brasileira, de Plínio Salgado, que teve longa sobrevida com a redemocratização de 1946. O PRP marcou cravado, por exemplo, 8% nas eleições de 1955, quando JK (PSD-PTB) ganhou de Juarez Távora (UDN).
O uso do mecanismo eleitoral para legitimar uma proposta proto-fascista é recorrente na história da política do ocidente. Enéas pousou de ultra-direita, terminou sendo um personagem eventual e não um organizador. Sua maior façanha eleitoral foi em 1994, quando atingiu o 3º lugar nas eleições presidenciais. Poderia ter organizado um partido de classe média, ancorado em servidores públicos, médios empresários e militares da reserva. O Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona), jamais cegou perto disso.
Não o fez e terminou no ostracismo do Partido da República (PR). Fruto de uma política fundida ao governo de Lula, justo com o PL, criando o canal de passagem do Valerioduto. Será que até a ultra-direita brasileira termina esculhambando a si mesma?