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O Partido paralelo nas entranhas do esgoto da sociedade 1


Do alto destas torres, o PCC fundamenta sua expressão de poder na sociedade que os degredou ao crime de segunda categoria



Na última semana, São Paulo vive aquilo que experimentara há cerca de dois meses, quando da mega-rebelião do Partido do Crime. Os cobras haviam proclamado o “Salve” para todos os irmãos e primos, com muita intensidade, desafiando as forças de repressão e o conjunto das instituições da ordem, ao longo de 5 dias. Passado o pesadelo, tudo voltou à normalidade, incluindo a falsa idéia de “normalidade”, noção esta que nunca mais será a mesma na terra da garoa e seu estado.

Ao pensarmos no poder do PCC, fica difícil deixar de caracterizar a esta sigla como Organização Criminosa. Na tipificação clássica, aliás, ainda não constando no Código Penal brasileiro, uma organização deste tipo seria composta basicamente por grandes gerenciadores e/ou investidores do ilícito. Estes, fornecendo monto substancioso, aportariam considerável vulto ao fluxo de capitais voláteis, voando mundo afora na ciranda financeira digital, entrando e saindo de um sem número de instituições financeiras. Reconhecidamente, não é o caso do PCC, alçado de uma rede de quadrilhas, aos poucos capacitando-se como fenômeno ordenador de massas excluídas. Óbvio que o intuito não é revolucionário, nem tinha como sê-lo, não ao menos em um 1º momento, isolado das forças sociais com alguma prática política mais ou menos saudável.

Mas, que o PCC é distinto das redes de quadrilhas articuladas na “federação do CV”, ou no 3º Comando, ou na ADA, isso é inegável. Seu grau de articulação e unidade tática, é típico de estrutura verticalizada e com as pontas coordenadas em redes. A atual liderança, encabeçada por Marcola, é devidamente capacitada para exercer sua função. O que não podemos admitir é a idéia de que este crime organizado, não é tão sério quanto as empresas de organização criminosa, ou associadas no crime, e que compõem um outro tipo de poder. A diferença entre ambas são a aceitação e interpenetração de classe. Este “Partido” surge como organizador da ralé, submetida as mais vis condições de vida. Condições estas, que seriam o bastante para condenar todo o sistema carcerário brasileiro por lesa humanidade. Mas, como se trata da ralé de um país construído sobre o genocídio, estes fatos tornam-se “palatáveis” a uma parte do país.

Os consórcios concorrentes ou complementares ao Partido coordenado por Marcola formam parte de um poder transversal na sociedade brasileira. Se formos associar os consórcios operadores da corrupção no Brasil como organizações criminosas em gestação, ou mesmo, o “pouco republicano uso da máquina pública” como prática de organização criminosa, então teremos de mirar para o alto, bem alto, muito além da pouca altivez do alto clero, e lá veremos as organizações criminosas operando no Brasil.

O conceito-chave que queremos afirmar aqui, é o potencial poder paralelo desta rede de quadrilhas alçada pela força de sua classe como “Partido”=organização da baixa criminalidade. As organizações criminosas de outro tipo, e excluindo o CV e seus rivais desta tipificação, formam poder transversal, e passam longe de masmorras históricas como Ilha Grande ou Cadeião de Taubaté.

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