Se houve uma intervenção direta na política do futebol, um episódio marcante e triste, foi logo após a demissão de João Saldanha do cargo de técnico da seleção brasileira. Fazia parte do escrete dos Cobras do João um centro-avante, banco de Tostão, mas um cracaço em campo. Conhecido como Toninho Guerreiro, foi artilheiro no Santos do ex-ministro de FHC e substituto de Coutinho no comando do ataque do time da Vila. Depois, jogou no São Paulo F.C. também com grande sucesso. Ao longo de sua carreira, fez mais de 700 gols, era ídolo em seus clubes, e o nome de Guerreiro não veio à toa.
Como é sabido, Médici insistiu em se intrometer na escalação dos titulares e dos convocados pela seleção brasileira. Saldanha, sem muita demora, mandou o general presidente escalar o ministério porque o time quem escalava era ele. Sabe-se bem que o Partidão de linha soviética, partido ao qual Saldanha for afiliado de toda uma vida, afirmava a entrada gradual no aparelho de Estado, com o lema: de panfleto em panfleto a gente conquista um ministério”. Portanto, ministério para o João era coisa séria, mas não tão séria quanto classificar o Brasil, trazer o tri do México e dar um tapa de luva na cara da ditadura.
Sobrou para o João e o Toninho a ira de Emílio e Orlando. O então presidente da CBD, João Havelange chamou o promissor técnico do Botafogo, ex-ponta esquerda de Flamengo, do próprio Botafogo e da seleção, Mário Jorge Lobo Zagallo. O alagoano revelado pelo América F.C., sempre foi um talento dentro e fora de campo. Isto, quando o assunto é futebol. Como mão de obra, o Velho Lobo prega o ufanismo e sempre está a favor do governo de turno. Na defesa do “verrrde e amarelo” vale tudo, inclusive defender a sua posição no banco da seleção, e até aceitar a escalação da caserna. Zagallo sabe que futebol não se joga de coturno, mas de chuteira.
Fazer o que, Dario Maravilha, folclórico centro-avante, figura popular e clássica do Brasil, foi chamado no lugar do craque do Santos e do São Paulo. Dadá não chegou a jogar, sua convocação agradou a Médici, que o achava pitoresco. João seguiu Sem Medo e consagrado, o Brasil foi tri, mas houve um preço a ser pago.
Em 1974, a filosofia da caserna cobrou seus juros, com nosso time batendo mais do que jogando, todos fortes e pesados demais, envolvidos que fomos no Carrossel Holandês. O técnico ainda era Zagallo, seguido depois pelo capitão do Exército Brasileiro, Cláudio Coutinho. A Copa, foi descaradamente roubada e derretida. Seguimos sendo tricampeões e depois tetra e vices do mundo, todos os episódios com a mão competente e chapa branca de Zagallo. Até CPI rendeu, como a da Nike, que escalara um Ronaldo sem condições, metendo-o goela abaixo de 160 milhões de brasileiros viventes no país em 1998. Este tema, vale ser revisitado em Notas futuras.
Até lá, fica nossa singela homenagem a Toninho, João, Sandro Moreira, dentre outros.