Algumas correspondências eletrônicas, vindas tanto de Flávio Vaz Netto, como de sua procuradora e esposa, gerou um fato político bastante “complicado” nesta semana. O destinatário das mensagens e dos telefonemas era o secretário-geral de Governo Delson Luiz Martini, hoje homem forte do Piratini, foi presidente da CEEE concomitante à gestão de Vaz Netto à frente do ilibado órgão regulador do trânsito da Província.
Curioso é saber como Zero Hora e a colunista Rosane de Oliveira receberam cópias e conteúdos destes correios. Preservar a fonte de jornalistas é defesa democrática. Nada mais absurdo do que o discurso policialesco, como o de Dilma há uns 15 dias, dizendo que quem quebrou a segurança eletrônica da Casa Civil pagará por seus crimes. Bobagem; caso houvesse vigilância e defesa ninguém estaria debatendo a guerra de dossiês entre Veja e a base aliada.
O mesmo se passa no pago. Os emails da família Vaz Netto, que agora se encontra em Aceguá, há poucos quilômetros ou metros da divisa com a Banda Oriental (coincidência?), foram parar na redação do jornal oficioso do Rio Grande. É certo e repito. Preservar a fonte é uma prerrogativa do ofício de repórter, em vias de extinção. Mas, desviar um email direto de um ex-membro de governo, da executiva estadual do Partido Libertador-Arena-PP, para o HD da colunista substituta de José Barrionuevo, não é fato costumeiro.
Martini e Vaz Netto têm razão em um aspecto. A CPI do Detran-RS tem como meta botar a bomba no colo da professora de economia Yeda Crusius. É fato e entendo que é justo. Mesmo que não exista nenhum indício de corrupção por parte de Yeda, seu tesoureiro “informal” de campanha está no olho do furacão. Lair Ferst é homem de trajetória junto ao falecido Marchezan, pai do deputado estadual de mesmo nome, e um dos operadores da conexão Santa Maria-Canoas. Ninguém se recorda que a prefeitura de Canoas, sob a batuta de Marcos Ronchetti, é das maiores anunciantes de mídia em rede estadual. Justo as emissoras que cobrem ao vivo as sessões na Assembléia e tem setoristas na Praça da Matriz. Tudo coincidência? Não, nem tampouco teoria da conspiração, é problema sistêmico mesmo.
Voltando à tentativa de emparedamento, é fato, Vaz Netto está correto. Se o ex-procurador do estado assumia função e operava à frente do Departamento de Trânsito, sob indicação do Piratini, perante acordo de composição política, cabe ao governo pagar a conta de seus indicados e pessoas mais próximas. George Smiley é um personagem de John Le Carré, mestre das sombras em tempos duros de guerra fria. No período de guerra de baixa intensidade midática, Smiley envia emails para a coluna mais poderosa da Província do Eucalipto. Entendam a comparação como um elogio às capacidades profissionais de quem cometeu tal ato. As virtudes morais, bem, deixa prá lá....
Esta Nota foi originalmente publicada no portal de Claudemir Pereira.