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ISSN 0033-1983
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Artigos Para jornais, revistas e outras mídias
A queda de Lupi e a hegemonia da Força Sindical
| prosa e política
Carlos Lupi e Paulinho da Força, a simbiose de uma hegemonia política que também implica em modelos de financiamento e gestão complementar da relação capital-trabalho. Versão contemporânea do sindicalismo amarelo, elevado aos céus no governo Lula, quando dá as mãos aos antigos adversários de São Paulo. Tinha que dar nisso!
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09 de dezembro de 2011, da Vila Setembrina, Bruno Lima Rocha
O pedetista Carlos Lupi é o sétimo ministro de Dilma Rousseff (esta por sinal, ex-correligionária) a deixar a pasta. Destes, apenas Nelson Jobim não caiu por denúncias, mas por tumulto. O peemedebista de Santa Maria chegou a declarar haver votado em José Serra e posicionava-se mais como um porta-voz da caserna do que um ministro civil à frente da Defesa. Mas, este foi um caso raro. Os demais cumpriram o conhecido neologismo político nacional batizado de “liturgia da queda”, já deveras debatido. Em textos anteriores, analisei a este rito do país emergente e noutro, a concepção sindical que abria possibilidades para as ações que o ex-jornaleiro tanto negara. Aqui, mexo noutro vespeiro, relacionando a gestão do Ministério do Trabalho e Emprego com a hegemonia da Força Sindical, dentro e fora da legenda. enviar imprimir Lupi caiu por ser acusado de uma série de ações, além de ter pagado pelo “talento” declarativo. Mas, também o foi por referendar um estilo de organização que privilegia as relações passivas entre capital e trabalho, destinando parte volumosa dos recursos do FAT e FGTS para a reconversão de mão de obra. Tal atividade, que não é exclusiva da Força Sindical, é hegemonizada por esta, que a inaugurara ainda no período de Luiz Antonio Medeiros como uma quebra de paradigma na organização da força de trabalho.
Esta simbiose é posterior ao nascimento do PDT. Quando Leonel de Moura Brizola perde a legenda histórica do trabalhismo (PTB) para a sobrinha de Getúlio, Ivete Vargas, surge a necessidade de criação da nova sigla, o Partido Democrático Trabalhista (PDT). Desde então, o partido vem perdendo o significado na contestação de alguma forma de poder constituído e reeditando as formas mais clássicas e tradicionais da política brasileira. Seu ponto original é a relação não classista com o mundo do trabalho. Nas origens, um discurso nacional-desenvolvimentista e promotor dos direitos de trabalhadores era sua marca, advindo da herança política popular de Getúlio.
Este perfil ganha uma releitura quando, já na década de 1990, em pleno governo Collor, o nascimento da Força Sindical é obra de co-autoria dos sindicalistas do PDT. Não de todos, até porque Brizola havia trazido do exílio o engajamento de Luís Carlos Prestes, gerando com este ainda em vida uma profusa ala à esquerda, com pequenos grupos muito atuantes. Se uma nova hegemonia viesse a se concretizar, ainda com Brizola em vida, esta viria da outra ponta, poli-classista e pragmática. Veio e trouxe seus custos.
Este artigo foi originalmente publicado no blog do jornalista Ricardo Noblat
Obs: o texto é uma singela homenagem a alguns homens e mulheres que conheci no Estado do Rio, ainda na década de ’80 e que compunham as chamadas alas à esquerda da legenda de Brizola. Como é sabido, nunca fui correligionário destes, tampouco trabalhista e menos ainda vinculado a Prestes. Mas, é preciso reconhecer a capacidade de entrega destes, a começar pelos insurgentes no MNR passando por militantes como Seu Camerino na Baixada Fluminense. O episódio de Lupi e a Força Sindical é a continuidade da aproximação do chaguismo ao grupo de Leonel e da convivência pacífica com a bicheirada também.
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