O subcomandante da Brigada Militar, coronel da força policial-militar Paulo Roberto Mendes, está encarnando o personagem da crônica policial como o “lutador implacável contra o crime social”. Simultaneamente às blitzes policiais incessantes, cortando tráfego e revistando motoristas, não se move um dedo para recuperar a dívida da oligarquia para com os cofres públicos.
Explica-se. O rigor da lei na criminalização da pobreza não é uma solução recente nem tampouco uma novidade na América Latina. Mas, irresponsavelmente, o tema vem pautando a crônica do rádio AM gaúcho, fazendo da ação violenta contra meliantes o pano de fundo da guerra social do Estado pré-falimentar contra a parcela desobediente das classes mais baixas.
Não faremos apologia de Nei Machados, Secos, Papagaios e do finado Melara. Não se trata disso, justo o oposto. O secretário de segurança, advogado criminalista Enio Bacci e deputado federal eleito pelo PDT/RS, deitando nos braços de uma das alas da Brigada, aposta no berço esplêndido da Polícia Civil, afronta a mídia que o critica e parte perigosamente para uma escalda de violência.
Na primeira marcha mais dura promovida por um dos movimentos populares do Rio Grande, poderemos estar diante de uma grande tragédia. Ao invés de limpar a Secretaria de Segurança e o Detran, o coronel Mendes aposta na “faxina” das ruas, lavando de sangue a vereda da tragédia da sociedade gaúcha.