Bruno Lima Rocha
Quarta feira 18 de junho de 2008, Vila Setembrina dos Farrapos, Continente
Em 15 de junho foi divulgada uma pesquisa a respeito da segurança pública e da crise política gaúcha. Feita pela empresa Fato – Pesquisa Social e Mercadológica e encomendada pelo Grupo RBS, foram ouvidas 821 pessoas em 22 municípios entre os dias 11 e 13 de junho (ver a pesquisa da crise).
Os índices da crise chamam a atenção por ser o oposto daquilo difundido pelos veículos de comunicação. 75,5% dos entrevistados consideram “muito graves e comprometedor” o conteúdo da gravação, feita pelo vice-governador Paulo Afonso Feijó (DEM) sobre Busatto (PPS) o ex Chefe da Casa Civil. O mesmo procedimento foi condenado por vários operadores políticos daqui. Não é o que pensa a maioria, pois 61,8% aprovam a atitude de gravar e divulgar, e para 59,6% Feijó procedeu de forma “legítima e fez o que tinha de ser feito”. São duas miradas. Uma é interna ao campo político e defende normas de convivência. Outra vem de eleitores e consumidores de informação, compreendendo que a finalidade alcançada justificou o meio empregado. É um velho dilema, se os fins justificam os meios ou os meios são produtos dos fins. Pelo visto o senso comum está mais indignado do que qualquer outra coisa.
O mesmo se dá na avaliação do governo. Yeda Crusius (PSDB) tem a reprovação de 62,2%, o que é superior ao porcentual de votos alcançado no 2º turno de 2006, quando ela marcou 53,94% contra 46,06% de Olívio Dutra (PT). Mas, é da crise o recorde de negatividade. 75,5% dos entrevistados vêem o entrevero como “muito negativo para o desenvolvimento do estado”.
Caso PT, PC do B e PSB quisessem eis a condição para arriscar um processo de impedimento de Yeda. No vazio político, PSOL e PV, que não tem representação na Assembléia Legislativa, protocolaram o pedido. A opção do PT é o sangramento paulatino sem comprometer as legendas aliadas do Planalto. Se eles acertam no cálculo, a crise emplaca o ministro da Justiça Tarso Genro para o Piratini em 2010. Caso errem a cautela cobrará seu peso na base social do partido.
Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat