Estrat�gia & An�lise
ISSN 0033-1983
Principal

Artigos

Clássicos da Política Latino-Americana

Coluna Além das Quatro Linhas

Coluna de Rádio

Contenido en Castellano

Contos de ringues e punhos

Democracy Now! em Português

Democratização da Comunicação

Fale Conosco

LARI de Análise de Conjuntura Internacional

NIEG

Original Content in English

Pensamento Libertário

Publicações

Publicações em outros idiomas

Quem Somos

Sobre História

Sugestão de Sites

Teoria



Apoiar este Portal

Apoyar este Portal

Support this Website



Site Anterior




Creative Commons License



Busca



RSS

RSS in English

RSS en Castellano

FeedBurner

Receber as atualiza��es do Estrat�gia & An�lise na sua caixa de correio

Adicionar aos Favoritos

P�gina Inicial












































Artigos
Para jornais, revistas e outras mídias

Algumas lições do caso Renan


Suplente da ministra do Meio Ambiente Marina silva, o senador acreano Sibá Machado (PT-AC) também evadiu da função de carrasco de Renan.

4ª, 4 de julho de 2007, Vila Setembrina dos Farrapos, Continente de São Sepé

O escândalo envolvendo o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) aponta algumas lições. A primeira é a maturidade de um país que não se deixa envolver com os dramas de ordem pessoal. O fato de Renan ter tido uma relação fora do casamento diz respeito apenas aos envolvidos no caso. A segunda lição é que a fiscalização sobre o comportamento de um político profissional é assunto complexo. Precisa de regras e mecanismos que coíbam erros de conduta. Precisamos tomar a crise no Senado como modelo e antecipar futuras e prováveis repetições.

enviar
imprimir

Qualquer reforma política tem de levar em conta esse padrão de conduta e propor mecanismos que o evitem. Caso contrário, não passará apenas de uma maquiagem. Proponho um debate conceitual e preventivo. Várias das regras protetoras dos políticos profissionais precisam ser mudadas. Não tratamos aqui da exceção, mas sim da norma. Todo brasileiro que acompanha a política sabe que o tema é recorrente.

É fato indiscutível, Calheiros, assim como vários outros, tem patrimônio muito acima de seus rendimentos. Para aumentar o problema, parte de suas despesas pessoais são pagas com dinheiro de empresas. Segundo o noticiário, Renan Calheiros ou Joaquim Roriz não são os únicos em complicações de ordem judicial. Por ironia deste enredo, o presidente do Conselho de Ética da Câmara Alta, o senador pelo Tocantins Leomar Quintanilha (PMDB-TO) também tem muito a explicar. O Ministério Público Federal (MPF) o acusa de receber propina em troca de emendas ao Orçamento. Outro caso repetido e reincidente no Senado.

Nós cansamos de repetir que boa parte das candidaturas parlamentares são consórcios político-econômico-eleitorais. O candidato, como político, torna-se produto. O indicador de produtividade está nos votos eletrônicos contabilizados na urna. Se eleito, o retorno no investimento de risco se dá na forma de emendas ao orçamento. Uma idéia simples inibiria isso. Diminuir a margem das emendas individuais, repartindo impostos com os estados e municípios, aumentando o volume de recursos sob controle direto da participação popular. Conceitualmente, chama-se federalismo fiscal, e pode acabar com boa parte do botim ao orçamento.

Outra idéia simples tratando de bens e patrimônio particular. Todo homem público deveria ter quebrado seu sigilo fiscal e bancário. Ao entrar na disputa eleitoral ou quando indicado para um cargo de confiança em alguns dos poderes, sua trajetória econômica passaria a ser aberta. No caso dos parlamentares, uma boa equipe de técnicos da Receita Federal resolve qualquer equação de incompatibilidade entre propriedades e rendimentos. Esse é o tipo de despesa que pode ser vista como investimento na "limpeza da imagem da instituição".

Falando em limpar o nome, um dos problemas de fundo é a sensação de impunidade que deixa na população. É verdade, muita injustiça se comete, jogando lama sobre homens em mulheres a princípio inocentes. Isto ocorre porque os políticos acabam sendo julgados no noticiário e não nos tribunais. Outra medida simples resolveria. Supondo que um político esteja sendo acusado pelo Ministério Público de malversação de verbas. O mais lógico seria o afastamento, imediato, uma vez que o MP tenha realizado a denúncia. Então, de posse plena do direito de ampla defesa, o parlamentar ou membro do Executivo teria tempo de se defender. Caso absolvido, a instituição investigadora viria a público reconhecendo o equívoco.

Ainda no tema do desvio de verbas, caso a acusação seja por crime comum, o Foro Especial é um instrumento absurdo. A cidadania compreende igualdade de direitos e deveres. Portanto, a opinião pública tem de ver uma pessoa imbuída de autoridade sendo julgada como cidadão. Esta é mais uma pré-condição para qualquer idéia de reforma política. Do contrário, não adianta mudar a regra de competição se não houver inibição do comportamento desviante.

Os argumentos do artigo são simples e propõem uma reflexão. A reforma política com todas suas variáveis não escapa de uma lógica. Inclui uma série de regras para fortalecer os partidos políticos e as instituições da democracia representativa. Entendo que estas regras de concorrência precisam de outras, de tipo preventivo, como as expostas no texto. Estreitando as margens de manobras dos atores individuais e seus consórcios, universalizando a punição e aumentando a capacidade decisória da cidadania sobre o representante.

Que o presente escândalo no Senado sirva de lição. Para escapar da crise de legitimidade, é preciso aumentar, e muito, o controle dos representantes pelos representados.

Artigo originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat






voltar