No debate de estréia da campanha presidencial, como é lugar comum e sabido de todos, Luiz Inácio foi o grande ausente. A cadeira vazia do presidente rumo à reeleição foi usada como um recurso, mais um entre vários dos recursos dos arsenais da política brasileira utilizado pelo Planalto no mandato do ex-metalúrgico. Outrora, quando ainda era pedra e não vidraça, Lula deitou falação nos ausentes. Agora, não deu as caras.
Ausente, entrega o debate ao clima morno da atual legislação eleitoral. Na verdade, vivemos um momento estranho, quando a oposição de esquerda não nasce das ruas e bases, mas de um acerto intra-partidário. De Geraldo, o que esperar mais? Isso no que diz respeito ao marketing político, porque seu governo em São Paulo, a julgar pelas peripécias de Saulo de Abreu Castro Filho, adotou a filosofia Erasmo Dias há anos. Se e caso de Pindamonhagaba ele chegar ao Planalto, não há de se esperar um governo tão elegante e opaco como o de FHC do 2º mandato. Não, haverá borracha para todos diria um veterano das esquinas do centro velho paulistano.
Heloisa Helena merece uma Nota à parte, e acreditem, não é por torcida, mas sim pela capacidade argumentativa da senadora alagoana. Neste breve texto, cabe uma noção de que a enfermeira é o contraponto de um ex-torneiro desgastado e desclassado, segundo o conceito aplicado no Cone Sul dos anos ’60 e ’70. Não é o primeiro racha entre a social-democracia derrotada ideologicamente e a mesma social-democracia ainda crente de uma proposta de reformismo radical. Mesmo sabendo que toda comparação histórica é arbitrária, o programa defendido pela senadora faz lembrar a pauta original da Frente Ampla do Uruguay. Detalhe, isto é a pauta de 1971 e não a vitoriosa campanha com gosto de yerba fea y lavada como a eleição de Tabaré.
Ausente de telhado, as pedras voaram pouco. A cadeira vazia de Lula tirara o brilho do debate. Segue no mesmo tom uma campanha sem mobilização popular.