É inevitável a comparação. Esqueçamos da bola, dos lances e conquistas. Vejamos apenas as tragédias e glórias deste homem nascido e criado em um villa miseria. Ainda craque promissor do Argentinos Jrs., não foi convocado para jogar a Copa de 1978, em seu próprio país. Patriotadas e corrupções generalescas à parte, Diego Armando Maradona, o maior jogador da história do país hermano, mais que um craque, é um personagem. Mario Kempes fez o gol em Nuñez, gol que era para ser dele.
Por momentos, é uma máquina de fazer cagadas. Noutros, leva consigo a personificação da alma Argentina, incluindo as contradições portenhas. Girando a camisa azul celeste e branca nas arquibancadas da Alemanha, saltando como um estudante em uma marcha latino-americana, xingando e vibrando en la Bombonera, este homem carrega em suas trajetórias as paixões e dramas do povo argentino.
Me perdoe o Édson Arantes do Nascimento, mas preferimos o Pelé. Este homem, como jogador, era fantástico. Como homem público, trajetória muito, mas muito complicada. Garoto-propaganda de um sem fim de produtos, como ministro do Esporte sua atuação foi pífia. Promulgou a Lei Pelé e o Estatuto do Torcedor, mas foi só. Implementar mesmo, sua presença é tão significativa quanto a do ministro Gilberto Gil. Que sina para os descendentes de Zumbi não?
Voltando a Dieguito, ainda que quase sempre sua seleção redunde em fracassos e problemas, encarna a dignidade e o desespero de un sentimiento, que no puedo parar! Quanta diferença; jogamos mais bola, não muito mais, mas um pouco mais. Mas, botando o coração na ponta da chuteira, eles sempre vão com tudo e nós, por vezes, são 23 à meia boca.
Quem já esteve cortando a Avenida Corrientes, hinchando na massa boquense, tremendo ao ver passar os Falcons Verdes, comemorando na lleca como cada pedaço de quadra fosse um gol de Dieguito, sempre vai preferir Maradona a Pelé.
Patriotadas e ufanismos à parte, na ausência de São Manuel Francisco dos Santos, yo también prefiero a Don Diego.