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Operação Lava Jato e mais do mesmo no padrão da política brasileira

diariodopoder

O doleiro Alberto Youssef e operador de dentro da Petrobrás, Paulo Roberto Costa, alvos da Operação Lava Jato. A cada ação da PF, temos as figuras-chave dos operadores de dentro do aparelho de Estado e os elementos de ligação com empresas contratadas e políticos intermediários.

10 de setembro de 2014, Bruno Lima Rocha

Costumo perseguir os padrões de permanência do fazer político, especificamente do Jogo Real, que é o conjunto de regras concretas (legais ou não), moralmente defensáveis ou não, formando partes constitutivas das disputas eleitorais e da gestão do Estado capitalista. Infelizmente, parece que é a sina da esquerda eleitoral tornar-se a força renovadora da política tradicional. Assim os discursos vão lavando e de programa mínimo em programa mínimo, de pragmatismo em praticidade

 

A última bomba da política brasileira fala através da delação premiada – ou combinada, segundo o candidato a vice-presidente pelo PSB, o deputado federal gaúcho Beto Albuquerque. De acordo com matéria da Folha de São Paulo, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa teria afirmado que o caixa dois de obras superfaturadas e contratos engordados da estatal de petróleo e derivados vinham alimentando de verbas desviadas a 12 senadores, 49 deputados federais e ao menos um governador.

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Este governador (ex-governador ou ex-governadora, ou ambos) poderia ter sido o falecido Eduardo Campos, cujo avião caiu em desastre aéreo na cidade paulista de Santos, em 13 de agosto de 2014. No esquema revelado pela Polícia Federal através da Operação Lava Jato, entre 2004 e 2012, Paulo Roberto Costa garantia um percentual a políticos com cargos e influência durante os governos de Lula e Dilma. Estes, operadores do PMDB, PP e PT, ficariam com 3% do valor dos contratos da Petrobras no período em que o informante foi diretor da estatal, entre os anos de 2004 e 2012. Vale lembrar que o ex-diretor foi indicado ao cargo através de cota do PP, mais tarde recebendo respaldo das legendas da presidente (PT) e do vice (Temer).

 

Se formos comparar os resultados da investigação da PF, não há diferença substantiva entre o que foi apurado nas operações Lava Jato, Monte Carlo, Castelo de Areia, Satiagraha, Gautama e Chacal, dentre dezenas de outras de menor envergadura. Também não há diferença substantiva entre estas operações e o cartel do Metrô de São Paulo. Noutra ponta da mesma corda apodrecida, a formação de maioria parlamentar através de remuneração regular sem rubrica ou emendas é a unidade tática observada nos Mensalões do PSDB (MG), PT (federal) e DEM (DF). Assim, entendo que temos as seguintes caracterizações.

 

Seria leviano afirmar que as candidaturas de Dilma Rousseff (PT-PMDB-PP-PC do B), Aécio Neves (PSDB-DEM) e Marina Silva (PSB-PPS) são absolutamente idênticas. Na última década, ainda que com tímida distribuição de renda, implicando um ponto da Taxa Selic ao equivalente a todo um ano de Bolsa Família, tivemos consideráveis melhorias nas condições materiais de vida. O ano de 2013 demonstrou que a política de acomodação social já não basta para segurar uma nova geração, sem experiência política prévia e rejeitando frontalmente o governo de coalizão.

 

Assim como é absurdo comparar a Era FHC com os efeitos societários do Lulismo, também seria irresponsável com qualquer postura mais à esquerda posicionar qualquer uma destas propostas como sendo de “esquerda”. O modus operandi da tal da governabilidade aproxima o então maior partido de massas e reformista da América Latina (PT) de seus antigos adversários, tanto apoiadores da ditadura (ARENA) como fisiológicos da oposição consentida (PMDB). A maior vitória da direita política no Brasil e dos grandes capitais aqui operando foi ter se acomodado ao choque de capitalismo promovido por Lula, seus aliados e correligionários.

 

Não quero com isso dizer que o fato singular é sem importância. Caso o fizesse, abriria mão da análise de conjuntura, restando apenas a predição estrutural, o que em termos práticos implica tudo ou nada o tempo todo. O singular importa e assim como o desastre aéreo gerou a ocasião para catapultar Marina Silva, as denúncias de Paulo Roberto Costa podem garantir alguma folga para um segundo turno que se avizinha entre o lulismo e sua defecção. Marina é sim, um fruto amargo da herança política de Lula. Já sua equipe econômica uma filha não tão bastarda do pior do tucanato e do poderio do capital financeiro. Se ficar evidente algum envolvimento da figura hoje imaculada de Eduardo Campos, ou demonstrado em palatável e acessível linguagem publicitária que o avião que caíra era financiado através de empresas fantasmas, o que evidencia caixa dois, aí o jogo pode virar a favor de Dilma ainda em setembro.

 

Nesta reta final de campanha, o descolamento do processo eleitoral para a dimensão política - e sua aliança tão nefasta como subordinada para com as estruturas de dominação - abrem a cancha para qualquer possibilidade. Os três possíveis mandatários da 7ª economia do mundo e a 79ª sociedade em ranking de Índice de Desenvolvimento Humano da ONU dependem, e muito, do talento de seus publicitários para transformarem um fato policial e de crime de Estado, em fato político e factóide (tipo teaser) eleitoral. É mais que preferível o barulho e a desobediências das ruas em 2013, do que este tipo de jogo viciado em 2014.

 






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