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No DF, a corrupção inova e mobiliza

cmi

Dito e feito. A preservação da imagem da PMDF durou 24 hs. Na seqüência da desocupação da Câmara Distrital, saem de cena os capangas de Arruda e entra no picadeiro da política como circo de horrores o próprio aparelho repressivo do Estado Candango. Cenas como essa acima se repetirão até o governo ser derrubado ou o povo cansar pelas datas de final de ano. A corrida é contra o tempo e apesar da máquina distrital. José Aparecido sorri das lonjuras, embevecido com a obra que ajudara a construir.

10 de dezembro de 2009, da Vila Setembrina dos farrapos caídos na barra da Laguna, Bruno Lima Rocha

Pode-se acusar o esquema do DEM de tudo, menos de não ser inovador. Como se sabe, no Brasil, maioria legislativa sempre custou caro, e muito. Antes, com emendas mais que suspeitas e destinação de verbas orçamentárias para redutos e currais. Se a votação fosse importante, a moeda de troca aumentava o valor, incluindo possíveis concessões de rádio e TV, e a sempre suspeita compra de votos. Após a técnica do Mensalão, passaram a cobrar em dia, regiamente. A composição de governo estaria garantida com o fornecimento de verba direta para o bolso dos parlamentares. Já na Era Arruda se inova, pagando também pelo secretariado. Assim, além de manipular uma parte do orçamento do nível de governo (o caso, o distrital), os partidos que compõem o governo, cobram, através dos secretários, também pelo apoio político na partilha do poder.

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Outras novidades apareceram. A partir da tarde de 3ª (08/12) o governo de José Roberto Arruda e Paulo Octávio Alves Pereira, também inovara no quesito mobilização social. O episódio da Câmara Legislativa Distrital, apesar de moralmente indefensável, foi uma manobra tática de envergadura.

O governo se esvaía com pedidos de impeachment já protocolados, via-se diante de uma pequena minoria ativa protestando no parlamento onde o Executivo manda. Este grupo de manifestantes, ocupando o recinto há quase uma semana, forçara a Justiça Distrital a se pronunciar, exigindo sua retirada. Já o aparelho policial do DF, creio eu que no intuito de preservar a sua imagem institucional e buscando algum efeito teflon para com o ex-senador, evitou cumprir a ordem judicial no prazo determinado.

Abriu-se uma oportunidade de Arruda demonstrar que também tinha bases sociais. Óbvio, é difícil uma relação de clientela mobilizar-se por consciência ou algo por estilo. Puseram ônibus e possivelmente algum grau de coerção gratificada nos locais de origem. Afinal trata-se de um chefe político, legítimo representante de uma cultura e modo de se relacionar com a coisa pública. Demonstrou a sabedoria e o ardil que não tivera ao dar a cara e pegar dinheiro vivo com as mãos na presença de testemunhas. A Polícia Militar entra em cena e garante a sensação de ordem na “mui nobre” casa parlamentar, isolando e retirando ambos os grupos.

Isto me faz recordar de outra situação, a do amigo de Paulo Octávio, o ex-presidente Fernando Collor de Mello, que em 1992, diante das câmaras, convocou seu eleitorado para defendê-lo. Mas, esqueceu de dar o lanche, pagar condução e um cachê para os “manifestantes”. Arruda foi sábio e não convoca através da mídia, mas das relações pessoais. A mobilização de governistas de hoje pode se repetir, gerando impasse político e risco de confronto entre favoráveis e contrários ao governo que já foi abandonado pelo PSDB, PMDB, PPS, PSB, PDT e PV. Para salvar o Executivo acusado de corrupção, a manobra é útil. Como se sabe, diminuindo a pressão das ruas, corrupto ou não, é difícil derrubar um governo.


Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat






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