A final do gauchão representou não apenas a volta do Gre-Nal encerrando uma temporada local, mas também uma bela simulação de choque de classes em pleno futebol. Na verdade, entrechoque. Algumas perguntas têm de ser feitas, e de fundo, não na superfície.
Não basta uma parte do Rio Grande gritar fora Paulo Odone e voltar em Zacchia nas urnas de outubro. Na letra fria das trajetórias, pouco ou nada há de diferença entre eles. No Rio Grande do Sul terminamos comemorando ao lado de políticos da dupla Gre-Nal, assim como um pouco mais ao sul, em terras porteñas, se grita e comemora junto de Macri do Boca Juniors; assim como Perón era hincha Racing de Avellaneda e outras manobras mais.
Esse mecanismo nefasto de entreverar a política com o futebol é tão pavoroso como a presença de radialistas, jornalistas e demais profissionais da mídia, a cargo e associados dos grandes grupos econômicos, e com presença marcada no teclado do TRE.
O esquema de campanha vai associado de muitos consulados de Grêmio e Inter; onde os próprios correligionários muitas vezes são os representantes, quando não já vereadores. No lastro do futebol se afirmam identidades e daí para o estelionato destas para as urnas é um pulo. Olhando com lupas, nem a várzea escapa, especialmente em campanhas municipais.
Enquanto Odone comemora a sua vitória antecipada em outubro com o título gaúcho, sua gestão na prefeitura de Porto Alegre não pôde ou não quis tombar a cancha do histórico Força e Luz, clube que está prestes a perder todo o seu patrimônio.