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Será o fim do governo Yeda?


Delson Martini era a bola da vez, aquele que teria de cair, isso antes da jogada de Paulo Afonso Feijó, último baluarte da moralidade político-empresarial no pago do eucalipto. Ainda assim, Martini balança na gangorra de seu governo.



(obs: esta Nota foi escrita na noite de 5ª, 5 de junho, antes de Paulo Afonso Feijó – DEM, vice-governador e representante da base empresarial local - difundir sua conversa com Cézar Busatto – PPS, Chefe da Casa Civil do governo de Yeda Crusius, PSDB – e que fora realizada em 26 de maio. A conversa foi gravada pelo próprio Feijó e demonstra um projeto de poder próprio insuflado por uma série de vivandeiras que sabem que o notório cidadão não é nada louco embora por vezes o caracterizem como tal.)

Recentemente um amigo me perguntou se é possível afirmar que o escândalo do Detran-RS e o envolvimento de Delson Martini significa o fim do governo de Yeda Crusius? Delson não é um ser místico e nem tampouco enigmático. Ele representa o centro nervoso da gestão à frente do Piratini. Em uma das conversas gravadas pela PF sob autorização judicial e que todo o Rio Grande escutou, o secretário-geral de governo cita que irá consultá-la a respeito do entrevero do Detran-RS e o papel das fundações. Ou seja, ela sabia do imbróglio, atuando no limite da lei. Trilha para abrir o caminho do impeachment há. Resta saber de o mesmo será encarado como uma alternativa válida?

Repito, a pergunta é mais que pertinente e estou me questionando isso a todo o momento. Existem condições para iniciar um processo de impeachment. Mas, ao mesmo tempo, não vejo o ambiente político devidamente aguerrido. Na “esquerda social” o desencanto é tamanho com Brasília, que não dá para pôr em pé de guerra a metade do estado. Não dá para fazer política sem comparação, e os maus exemplos advindos à tona na crise política de 2005 demonstram essa pasmaceira ampla, geral e irrestrita.

Para reforçar a posição de Yeda, a governadora é assumidamente neoliberal, pessoa capacitada nas artimanhas de fazer política entreguista em nome de uma suposta modernização. Ela é uma operadora de confiança dos investidores. Na 5ª de tarde, enquanto a professora de economia da UFRGS corria da mídia do pago – coleguinhas esses por sinal pra lá de dóceis - a Brasken fechou investimento gigante no RS. Fico na dúvida. Tenho a certeza de que se ela cair, Feijó pode assumir, mas não governa. Se o governo central não fosse o de Lula e sua política econômica de Henrique Tucano Boston Meirelles, afirmo que ela cairia. Como em Brasília a situação é dura na aparência e coincidem os interesses nos bastidores, Dilma se torna o fiel da balança. Explico. Se o BNDES e o governo federal garantir os investimentos dos conglomerados que para o pago vieram com a promessa de "agilização" de licenças ambientais e fundo garantidor para evitar surpresas, se e caso isto vier a ocorrer, aí Yeda Crusius corre perigo real e imediato.

A professora de economia evita a mídia e aposta no pára raios de Paulo Fona, esperando a poeira baixar. O risco mora ao lado. Todo o tempo que a CPI prorrogada tiver irá reverberar a causa federal cuja titular é de Santa Maria. Simone Barbisan Fortes, da 3ª vara federal da Boca do Monte é nova, mora longe da capital e com ganas de fazer valer a vez de uma juíza atuando no interior. Como ganhou a exclusividade no caso, terá a chance passar para a história se meter alguém em cana. E, se este alguém que for para tranca dura bater com a língua nos dentes, eis a oportunidade que os procuradores e a PF queriam. A forma como o MP fez a denúncia e o judiciário federal a aceitou foi inteligente. Como na causa federal não constam pessoas com foro privilegiado, o processo deve andar um pouco mais rápido.

Se houver outra defecção entre os acusados, eis a “janela de oportunidade” que a oposição local tanto quer. O julgamento político está sendo feito numa tina de azeite fervendo. Os deputados da base do governo começam a roer a corda, mas há um limite neste abandono. O problema dos correligionários de Olívio e Rossetto está na aliança tática e cambaleante com os PDTistas do pago e a controvertida figura do filho de João Luiz Vargas (Eduardo Wegner Vargas) na nominata da fraude. Será que vão cortar na carne dos amigos de Collares? Não creio.

A lógica do gerencialismo perdeu para o esquemão das legendas tradicionais, PP e PMDB, além dos neo-arrivistas, como Lair Ferst. Curiosidade mórbida, Ferst, do grupo de Marchezan pai trocou o antigo PDS pelo racha paulista do PMDB (tucanos) justo porque parte dos gaúchos não queriam levantar uma bandeira de legenda marcada pelo malufismo. A versão de bombacha é mais sofisticada, mas rouba tanto como. Voltando ao case de Yeda com o Detran-RS, vale uma máxima:

Governo nenhum cai de podre. Governo se derruba!

Como apenas a CPI estadual não vai conseguir tirar ninguém, quem irá derrubar este governo?.

Esta Nota foi originalmente publicada no portal do jornalista santamariense Claudemir Pereira.

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