A conquista de um Poder Executivo é importante, mas é apenas uma parte do poder político. Que o diga o recém eleito líder indígena Evo Morales. Ganhou com 51% mas deve obter no máximo uma apertada maioria na Câmara e no Senado. O pleito foi simultâneo e, curiosamente, uma coalizão conservadora vai assegurar uma ferrenhaoposição.
Está em jogo também a convocatória para uma nova Constituinte, onde fique a cargo do Estado a regulação dos empreendimentos de extração de hidrocarburetos. A luta popular naquele país já se deu sobre o gás, a água e antes, nos anos 50, o cobre e o estanho.
As transnacionais petrolíferas, Petrobrás incluída, tem um grande peso na correlação de forças boliviana. Não foi por acaso que o governo Lula rapidamente reconhecera os distintos governos substitutos a Sanchéz de Lozada, derrubado após mais uma rebelião popular.
O contrato da Petrobrás, por exemplo, vence apenas em 2019. Se Morales aplicar uma revisão de contrato, atenderá uma demanda dos movimentos que o pré-julgaram e lhe deram um prazo de 90 dias. Se não rever os contratos, sofrerá pressão popular mas ficará bem com os vizinhos e parceiros do Mercosul.
Entre ambas pontas estará o staff de Morales e abaixo a oposição ligada às transnacionais, dentre elas a mais braba, a oligarquia cruceña.
Qual será a opção de Evo. Uma revolta Camba? Ou um levante popular quéchua e aymara?