As excelentes impressões causadas e deixadas pela mostra do Pavilhão da Agricultura Familiar na ExpoInter 2006, nos dão a certeza de que este seria outro país se e caso o modelo produtivo fosse distinto. Não seria necessário nem uma mudança brusca, mas um mínimo de alteração nas políticas agrícolas, ampliando horizontes em relação a cegueira do modelo agro-exportador.
O investimento em genética e na capacidade produtiva da soja, embora admiráveis como esforço científico brasileiro, não tem correspondência com uma melhora direta na qualidade de vida dos brasileiros. Diversos modelos de padrões produtivos, tamanho de propriedade, variação de módulos, tudo poderia ser experimentado. Mas, o problema está na premissa da defesa inexorável da grande propriedade da terra; ficando a sua função social como algo secundário.
Se bem é verdade que a maior parte dos produtores familiares tem pouco ou nenhum acesso ao crédito, considerando que existe uma contradição de fundo entre o sistema financeiro e o latifúndio; por outro lado, os grandes latifundiários condicionando dezenas de categorias de produtores e trabalhadores rurais. Isto porque gravitam mais, tem uma bancada fortíssima no “valoroso” Congresso Nacional e se aliam aos grandes grupos econômicos também possuidores de vastas extensões de terras.
Enquanto nos preocupamos em preencher graneleiros e vagões sem fim rumo ao Porto do Rio Grande, os cinturões verdes das cidades grandes e médias são constituídos de chacreiros. Estes, ao invés de terem vagas cativas nas gôndolas de supermercados locais, expõem em “feirinhas”, isto quando não termina o esforço do mês na traseira de uma kombi de atravessador. Ao final de cada ano, também tem de brigar contra a indústria do lazer e da especulação imobiliária, como é o caso do Extremo Sul de Porto Alegre.
Como tudo neste país passa ou inicia no dinheiro público, é mais que justa, é necessária uma alteração na política de crédito. Não apenas emprestando, mas garantindo a comercialização final sem intermediários. Belas experiências temos sobrando, resta generalizar o que se faz, tornando o esforço familiar em recompensa para os mais pobres das cidades e aqueles que os alimentam.