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A tríplice fronteira e a “4ª guerra mundial”


O chanceler brasileiro Celso Amorim: porta-voz de mais um ato de colaboração com os neo-conservadores das transnacionais do petróleo.



A cada dia que passa, a vocação imperialista dos neo-conservadores hegemônicos em Washington se fazem sentir na carne e na interna da América Latina. E o pior: com o auxílio dos governos “nacionais” do continente. Na semana passada, Celso Amorim, Ministro de Estado das Relações Exteriores do Brasil, anunciou a criação, na sede da Polícia Federal em Foz do Iguaçu (PR), de um Centro Regional de Inteligência, integrado por Brasil, Argentina e Paraguai, para, segundo o chanceler brasileiro, “contribuir com os esforços do governo brasileiro no combate aos atos ilícitos praticados na região da Tríplice Fronteira”. Tal ação dos governos Lula, Kirchner e Duarte foi impulsionada pelo “Grupo 3+1 sobre Segurança na Tríplice Fronteira”, formado pelas três nações mais os Estados Unidos – o peso mais gravitante da parada.

Desde o ano da graça de 2001, a administração de Bush Jr. vêm alardeando sobre um suposto núcleo de ajuda a terroristas islâmicos na região da Tríplice Fronteira, em função da expressiva comunidade árabe residente na região. Semelhanças entre essa ladainha e o constante “alerta ao mundo” quanto ao perigo das armas de destruição em massa de Saddam Hussein não constituem mera coincidência. A área em questão, localizada no coração do Mercosul, é estratégica para os interesses ianques, a médio e longo prazo, por dois bons motivos, sendo que nenhum deles envolve o contrabando de “muamba” paraguaia

para o Sul e Sudeste do Brasil, como afirma categoricamente a chancelaria tupiniquim.

O primeiro deles leva o nome de Aqüífero Guarani. Assim como a “democrática” invasão do Iraque foi motivada, em grande parte, pela posse do “ouro negro” presente em abundância no subsolo deste país árabe, esta intervenção do Tio Sam nas políticas de Estado dos governantes latino-americanos tem como motivação o futuro controle sobre o maior reservatório de água doce do mundo, localizado nos subterrâneos dos quatro países fundadores do Mercosul, e em cujo centro está localizada a Tríplice Fronteira. Além de constituir um ótimo negócio, frente ao avanço econômico da União Européia e da China sobre o continente, o controle sobre o aqüífero será vital para os EUA em um mundo no qual, infelizmente, se prevê que, em 2025, a demanda por água potável será 56% maior que a oferta.

Em segundo lugar, há o fator repressivo e colonizante. Após alguns anos de uma estéril “estabilidade” na maior parte do continente, o ponto crítico a que as práticas dos sucessivos governos declaradamente neoliberais empurraram as populações governadas, fez emergir, no seio de todas elas, uma grande indignação popular que levou à formação (ou ao fortalecimento) de expressivos movimentos populares de contestação à ordem, os quais vão desde os cocaleros da Bolívia aos sem-terra brasileiros. Como fruto disso, foram eleitos, por todos os lados, governos de retórica e aparência popular e nacionalista, anti-neoliberal e anti-ianque.

Mesmo que na prática política destes “governos populares” dêem continuidade às políticas econômicas dos governos anteriores, o Grande Irmão se adiantou ao pressentir o perigo do povo organizado: hoje, o Comando Sul das Forças Armadas dos EUA conta com participação (total ou parcial) em 15 bases militares espalhadas pelo continente latino-americano. E há consideráveis rumores sobre a construção da primeira delas em território paraguaio, que ficaria bastante próxima do berço do “terrorismo islâmico” que Bush Jr.

declara ser a Tríplice Fronteira – a qual na verdade é um belo ponto de partida para uma ação militar em qualquer dos países ao redor. Portanto, além do braço de dominação econômica da ALCA e dos TLC´s unilaterais, que já estão sendo implantados em alguns países daqui, os imperialistas ianques mostram que não estão de bobeira e também mobilizam seu poderio militar para nossas terras, com o qual não hesitarão de pôr em prática caso necessário.

A criação deste Centro Regional de Inteligência serve para atestarmos duas coisas: de que ele é uma pequena parte de um plano de dominação muito amplo e planejado, e de que sua criação constitui mais uma prova flagrante da dissonância entre aparências e práticas dos atuais governos “populares” da

América Latina. Tomando-se para análise o caso do Brasil, ao protagonizar ato de colaboração com a política de fato imperialista, o governo Lula, com retórica ainda populares, dá um belo exemplo de como não se pode confundir discurso de identidade com a materialização desta identidade com política de stado. Ou seja, não há congruência nem coerência entre luta popular e alianças social-liberais. Típico caso de “melhorismo” interno e parceria estratégica com o Estado mais forte na política externa.

Lembrando, a balança da América Latina desequilibrou com as verbas da Pedevesa; caso contrário Luiz Inácio já teria assinado a ALCA, em negociações fechadas, e isto no primeiro semestre de 2005.

Voltando à Tríplice Fronteira, os problemas apenas começam. Resta saber se teremos coordenação efetiva entre organizações populares com força suficiente para bancar este papel frente aos interesses do Império. Nunca é tarde para começar, e pode ser que a coisa esquente, trazendo o Cone Sul para os cenários operacionais das redes integristas.

Texto e pesquisa de Murilo Zardo

Revisão de Bruno Lima Rocha

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