O Teatro do Chat (projeto integrante da mostra Zona Franca da já encerrada 6ª Bienal do Mercosul) é uma proposta de trocas de idéias, uma arena pública de discussão acerca de temáticas urbanas onde o elemento virtual é de extrema importância. Com o objetivo é pensar o espaço público e trocar cenários, o coletivo m7red, composto por Mauricio Corbalán e Pio Torroja, escolheu a cidade de Porto Alegre. A discussão envolve o centro da cidade e os projetos da Prefeitura de POA para figurar os debates na sala dedicada ao projeto no Cais do Porto. Dentre os projetos alvo de discussões estão: os camelôs do centro e o Camelódromo, a Revitalização do Centro, os Portais da Cidade e a presença dos Catadores de Material Reciclável nas ruas. O trabalho é resultado de diversas conversas a respeito dessas temáticas realizadas com muitas pessoas, uma delas o editor da página Estratégia e Análise, o Bruno Lima Rocha.
Partindo da idéia de que os problemas locais são afetados também pelos globais o m7red pensou em dividir o Teatro do Chat em quatro cenas distintas. Independentes espacial e temporalmente do cenário maior, Porto Alegre. Nessas cenas as pessoas são convidadas a saírem de suas posições confortáveis. Como em uma peça teatral, onde o ator interpreta um personagem (que não é seu igual, com idéias e opiniões diferentes das suas) nesse Chat a pessoa assume as atitudes e argumentos de um dos seis personagens.
É um exercício de imaginação, onde é necessário pensar coletivamente, compreender o personagem e o cenário para entender as relações complexas ali tecidas e os problemas apresentados. Um exercício de como representar o papel do outro e aprender a enxergar os diferentes pontos de vista sem preconceito. Numa espécie de tempestade de idéias coletiva os argumentos são usados mais do que para convencer o outro, e sim para provocar os "atores". Tirar-lhes o chão. Mais do que formar opiniões, o Teatro do Chat objetiva desconstruir consensos.
Em uma espécie de Role Playing Game (RPG), jogo de interpretação de papéis, onde a política é um teatro e o virtual é um caminho possível o grupo m7red trouxe a Bienal uma proposta que, segundo Maurício Corbalán, se caracteriza pela reflexão de temas pulsantes do século XXI. Assim é a arte contemporânea, instigante, nos convida a pensar, indagar, dialogar.
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Revisão, Bruno Lima Rocha
Nota escrita por Daniela Soares, colaboradora desta página e editora de trecosetrapos.