09 de maio de 2013, Bruno Lima Rocha
Impressiona como o padrão de alianças da política brasileira tende a se reproduzir. No primeiro governo Lula, caciques do Partido Social Democrático (PSD), ainda a ocupar a legenda e posição udenista do PFL – antes de virar DEM – formavam a linha de frente da oposição. Oito anos depois, Gilberto Kassab, herdeiro político de Serra na prefeitura de São Paulo, alça vôo próprio, racha os udenistas, consegue uma leva de migrantes partidários e agora conquista para seu correligionário um ministério.
O país dos absurdos continua com a criação de uma nova pasta, especificamente para acomodar o aliado de última hora. A Secretaria de Micro e Pequenas Empresas (SMPE) é conformada por uma transferência de atribuições. Antes estas funções pertenciam ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) a julgar pelo baixo orçamento destinado (apenas R$ 7,9 milhões), não tinha relevância estratégica para o governo. Seguimos o padrão brasileiro. Na 2ª 06 de maio a presidente discursara em São Paulo para a federação do setor reconhecendo as micro e pequenas empresas como responsáveis por mais de 11 milhões de postos de trabalho. Se este reconhecimento fosse fruto de uma relação de forças para a política econômica do Planalto, a pasta jamais viria a existir. Bastaria aumentar as atribuições e a capacidade de realização da rubrica dentro do MDIC e estava tudo resolvido. Para compreender o argumento, é só fazer um paralelo com os orçamentos respectivos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com seu primo pobre, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Detalhe é que Afif continua o mesmo operador com passado malufista, apoiador da ditadura e que concorreu para presidente em 1989 pelo antigo Partido Liberal (PL). O líder empresarial paulista não modificara uma linha de seu discurso e postura pela diminuição do tamanho do Estado e nas denúncias de elevada taxa tributária. Joga de camaleão na política profissional, mas mantêm a posição na defesa dos interesses de seu setor de classe. Também nunca renegou seu passado pró-ditadura.
Como tampouco o Estado brasileiro alivia a tributação para o setor, a nova pasta é serve apenas como vitrine - através do SEBRAE - para Afif e o PSD, entrando no balaio pela tal da governabilidade. O vice-governador de Alckmin não é o primeiro arenista a entrar no governo de Dilma e, infelizmente, o 39º ministro da ex-guerrilheira é apenas mais um aliado de ocasião reforçando o pior da política brasileira.
Artigo originalmente publicado no blog do jornalista Ricardo Noblat