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Geopolítica do petróleo e a guerra integrista que nunca termina – a campanha aérea contra o ISIS

blogs.cfr.org

O secretário de Defesa Chuck Hagel e o secretário do Estado Maior Conjunto das FFAA da superpotência observam o mapa com as pretensões de soberania territorial do proto-califado. Sobre este mapa choverão mísseis e bombas, mas sem a presença ostensiva de militares estadunidenses ou ocidentais.

Bruno Lima Rocha, 26 de setembro de 2014

 

O bombardeio dos EUA contra as posições do Estado Islâmico (ISIS ou Daesh) na Síria começou em 23 de setembro e não tem previsão de terminar. A superpotência repete o mesmo erro de contar com os "aliados" árabes, monarquias wahabbitas que retroalimentam tanto o califado como sua rival, e rede Al-Qaeda, preferida dos emires. Um efeito colateral da ofensiva pode ser um giro no papel da Turquia. A mais forte e diversificada economia do mundo islâmico dava sustentação para o Exército Livre da Síria (ELS), mas está esgotada de recursos. Com o afluxo de nova leva de refugiados (em torno de 170.000 somente nesta semana), as condições turcas seriam todas focadas na ajuda humanitária, uma vez que os esforços da ONU nunca são satisfatórios. Com isso, o plano de John Kerry e apoiado por Jordânia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Bahrein, Omã e Kuwait seria financiar o ELS, treinando-o em território árabe, e poder contar com esta força semi-regular para combater tanto o ISIS como a coalizão pró-Assad.  

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Enquanto aliciam os militares dissidentes do regime da família Assad, sauditas e “amigos” comemoram a chuva de mísseis. Os alvos “colaterais” dos bombardeios, como zonas residenciais sem a presença de combatentes de nenhuma facção, são a conseqüência direta deste ataque dos wahabbitas do “bem”, aliados dos EUA. As bombas caem e o fluxo de refugiados aumenta na fronteira entre Síria e Turquia. Trata-se de disputa por hegemonia sunita na região. A estratégia é complexa. Monarquias petroleiras estão formando a aliança anti-ISIS e por tabela, tentam fortalecer tanto suas posições de liderança no sunismo como retroalimentar a Al-Qaeda nesta luta concorrencial contra o protocalifado. Se também puderem derrubar o governo Assad e enfraquecer as redes iranianas, ainda melhor. De forma no mínimo cúmplice, os EUA concordam com tudo, fazendo a Guerra ao Terror em escala mundo e se enfiando no pântano de sauditas, hachemitas e cia. no mundo árabe.

 

Vale tudo por petróleo ainda barato e para dar vazão a uma máquina de guerra sem fim. Se não secarem a fonte das monarquias árabes, não secam o jorro colateral para o integrismo.

 

Os EUA arrastam também seus dois aliados militares europeus, Inglaterra e França. No Parlamento inglês, David Cameron, reforçado pelo ex-Primeiro Ministro Tony Blair, pede autorização para seguir o bombardeio contra posições do califado tanto na Síria como no Iraque, além de reforçar a posição de aliados na região. Vale lembrar que Blair é o mesmo que aceitou participar da 2ª Guerra do Golfo, invadindo o Iraque e gerando o caos que vemos hoje. Na ação conjunta anti-ISIS, a França aumenta também a participação no esforço de guerra. Cabe ressaltar que existem ainda vínculos da elite cristã libanesa com a matriz francesa que lhes deu um país no acordo de confessionalismo político. Agora, a proposta totalitária do integrismo do ISIS arrasa com a convivência inter-religiosa, mesmo àquela que atende a poucos. O totalitarismo do ISIS ataca xiitas, sunitas não integristas, yázidis, cristãos de distintos ritos e curdos. Neste sentido, é importante combater o Califado, mas não através dos financiadores destas mesmas redes. Pior ainda, sem fazer um grande esforço de integração sócio-cultural das populações árabes e islamizadas vivendo dentro da Comunidade Comum Européia.

 

O problema volta para o coração do Ocidente. No médio prazo, tanto Inglaterra como França, países com milhões de cidadãos muçulmanos, é provável que esta ofensiva retorne na forma de ações isoladas (tipo “lobo solitário”) ou coordenadas (como as já ocorridas em Londres e Madri) venham a ser perpetradas. Estas ações de terror integrista, poderão ser do próprio  ISIS –com o retorno ou novo recrutamento de parentes de mudjaheddin combatendo no Levante ou na Mesopotâmia – ou de alguma afiliada da Al-Qaeda, nesta corrida concorrencial pelo jihadismo sunita.

 

A única saída tem o poder de veto do Estado de Israel, além da posição contrária das monarquias árabes sunitas. Esta seria uma reaproximação com o Irã com sua fórmula de democracia teocrática, reconsiderando o status do xiismo como uma força político-religiosa estabilizadora. Na Assembléia Geral da ONU, o presidente iraniano Hassan Rouhani sinaliza para a Casa Branca que esta é a chance histórica de reconciliação diante do inimigo comum. Mas, será que Israel vai permitir essa aproximação? Duvida-se.

 






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