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As cotas na UFRGS, entre Maria Antonieta e a causa imperdível


Uma parte da injustiça histórica com a Traição de Porongos, é resgatada agora com os desncendentes daqueles lanceiros.

2a, 2 de julho de 2007, Vila Setembrina dos Farrapos, Continente de São Sepé

No mês de junho de 2007, após um largo período de fragmentação, uma causa gerou unidade entre diversos setores da esquerda política e dos movimentos populares. E, para surpresa de muitos, a solução veio em uma bandeira tida como lateral. Sim, para a maior parte dos militantes do Brasil, a questão racial, ou a luta étnica sendo conceitualmente correto, é um tema secundário.

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Entendo que o debate das cotas, mesmo com a definição inicial de 15% para estudantes oriundos de escolas públicas e outros 15% para auto-declarados negros e 10% para indígenas, não foi esgotado. Nem me refiro às medidas e contra-medidas jurídicas que recém se iniciam e sim a todo um cenário complexo, onde grupos étnicos (dezenas), substituem a mediação clássica exercida por políticos profissionais. Detalhe, o tema é pauta na UFRGS há pelo menos cinco anos, e alvo de luta conjunta há mais de 15 meses.

Mas, como sempre, a grande mídia (mediana em termos nacionais), chega tarde na cobertura. Além dos furos que levam, a narrativa factual não basta e termina por carecer de modelo explicativo. Mostra-se, a mídia polpuda, surpresa com um embate, alimentado e retro-alimentado através da vida na internet, não a paralela, mas assinada como nome e sobrenome. A panela de barro foi esquentando, e perto do final, dois atores, dentre os vários protagonistas, se expõem demasiado.

Em política, o ato declaratório, o discurso, é uma arma poderosa. Na madrugada de domingo 24 de junho para segunda-feira dia 25, o grupo contrário as cotas confunde pirraça com burrice. Mesmo de forma “anônima”, como se no Rio Grande todos não nos conhecêssemos, as pichações de teor racista chocam e irritam a opinião pública estadual. O caso ganha transcendência e começa a ser debatido no resto do país.

Na véspera da votação pelo Conselho Universitário, é a vez do Jornal Nacional ser pautado pelos “invisíveis”. A tensão na província faz a Globo pôr na escalada a matéria da sua afiliada. Para quem conhece de mídia e política, sabe o que isso significa. Não foram as pichações que pautaram a toda-poderosa, mas sim a panela de pressão, a um passo de irem todos ao conflito.

A contenda se definiu quando os diversos grupos que lutavam pelas cotas, do mais à esquerda até a moderação subordinada, puseram a palavras certas na boca do outro lado. O discurso fechou de forma unitária, indo do Levante Popular da Juventude, passando pelo Diretório Central dos Estudantes da UFRGS, tomado pelo Encontro Nacional da Juventude Negra (Enjune) e chegando ao Grupo de Trabalho de Ações Afirmativas com uma palavra de ordem: “Quem for contra as cotas é racista!”

Genial em sua simplicidade. Tão direto como a estudante de períodos iniciais que, em sua inocência de Maria Antonieta, disse: “Que culpa eu tenho por ter nascido com a cor certa?”

Além de ser justa, com adversários assim, a causa era impossível de perder.

Artigo originalmente publicado na Revista Voto, Ano 3, No.34, p.41, Porto Alegre/RS






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