Seguindo no tema das reflexões turísticas, nos chama a atenção uma outra indústria vinculada ao turismo desenfreado. Sim, estamos falando da rede de prostituição abarcando mulheres cearenses. Não é discreto, é direto. Faamos isso longe de alguma preocupação de índole moralista e rancorosa, muito pelo contrário. O fenômeno de transformar uma terra em paraíso de turistas europeus, trás benefícios e malefícios.
A prostituição de adolescentes é um exemplo disso. Meninas de 15, 16 anos, tratam com seus clientes por vezes arranhando 2 ou 3 idiomas além do português. Em geral, menores e maiores, simulam namoros, saem de mãos dadas, são centenas, espalhadas por todos lados. Muitas vezes o problema começa no exterior, através dos intermediários europeus e das indicações de clientes amigos para outros clientes. Com diversas intenções, muitos alimentam osvôos diretos semanais vindos de Portugal e os charters da Holanda e Itália. Não poucas vezes estas moças teminam por se "casar" com os gringos, e tornam-se escravas domésticas na Europa.
É mais um exemplo da ausência de mando. Com vontade política para criar constrangimentos, tecnicamente seria algo fácil. Infiltrações nas redes de escravas brancas, nos contratistas de algumas excursões no velho continente, simulações da falsos sites da internet de "casamento" e agenciamento de prostitutas. Técnicas não faltam, muitas delas inclusive jáforam antes utilizadas.
Campanhas e cartazes geram efeitos de propaganda, mas não agem sobre o problema. O fundo do poço são as menores de idade, como todos sabemos. Não há programa de reconversão laboral no mundo que tire US$ 500 da carteira de uma jovem favelizada e a ofereça uma "chance" de aprendiz de fast-food. Nada vai tirar a possibilidade delas fazerem dinheiro rápido, embora nada fácil. Estas são as regras do jogo, é sobre este problema que deve-se apontar o alvo.
Portanto, o alvo é o consumidor. Ou seja, os turistas europeus que contratam agências ou diretamente saem com menores de idade. Para isso, conseguir alguns flagrantes, gerar alguns embaraços e constrangimentos e o fluxo de turismo sexual diminuiria. Complementar a isso seria a perseguição direta a agências e redes, e com a participação das autoridades cearenses.
Mas, a"nova ocupação" é muito bem vinda. Não se trata de xenofobia mas de uma reflexão contudente. As Iracemas seguem sendo peças de consumo. Tecnologias à parte, a relação é muito semelhante há mais de 500 anos.