Muitos já falaram sobre a qualidade da animação no Brasil, algumas vezessão críticas corrosivas que geralmente vêm acompanhadas de comparações com as produções estrangeiras. No entanto, o Brasil sempre teve uma animação de boa qualidade. Sobretudo na publicidade. Porém o espaço nesse meio é, em geral, para filmes de até 30 segundos.
Recentemente, entretanto, as seleções para festivais como o Anima Mundi sinalizam uma crescente pretensão em atuar fora dos comerciais, uma vez que a animação começa a aparecer como uma opção acessível para quem quer fazer cinema. E a computação, é claro, assume um papel de extrema importância nesse processo de crescimento. Os atrativos do meio digital são muitos para os animadores, apesar de a técnica 3D não ter ganho mercado por aqui. O Brasil é pioneiro em animação 100% digital, com Cassiopéia – longa de Clóvis Vieira – produzido com pouco mais de 15 computadores 486 e lançado em 96 - alguns meses depois do famoso desenho da Disney, Toy Story, que acabou ficando com o título de pioneiro.
Existem profissionais e existem técnicas. O que impede então de tornar a animação uma área em constante expansão no Brasil? Bom, tudo começa com a legislação de captação que não contempla a animação. Desenvolver um desenho não obedece a mesma lógica de realizar uma película com atores de verdade. Isso exige uma demanda muito maior de tempo e dinheiro. E falta essa compreensão para os responsáveis por essa legislação. No entanto, não basta mudar a lei de captação, tem de mudar a cabeça do empresariado que patrocina cultura no país. Assim é possível ver uma luz no fim do túnel para a produção de animações totalmente tupiniquins.
Revisão: Bruno Lima Rocha
Texto de Daniela Soares, editora do trecos&trapos.