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Crise política e desconfiança no RS

agência chasque

O deputado federal Eliseu Padilha (PMDB/RS) é um dos alvos da PF na Operação Solidária. Acuado numa entrevista, lançou suspeita coletiva. Disse que, se abrir a CPI da Corrupção e a mídia difundir as provas do inquérito, sobraria para gregos e troianos da província.

03 de junho de 2009, Viamão/RS, Bruno Lima Rocha

Na edição de domingo (31/05/09) o jornal Zero Hora (Grupo RBS) trouxe mais informações para analisarmos a crise política local. Foi publicada uma pesquisa de opinião feita sob encomenda junto à empresa Fato. O tema foi o da confiabilidade institucional e a pergunta de abertura fala por si:

- Qual o grau de confiança que você tem nesta instituição/pessoa para auxiliar na superação da crise política no estado?

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Os números atestam algo já sabido. Das treze instituições listadas na ponta debaixo, há menos confiança nestas: Assembléia Legislativa; deputados federais e senadores (das bancadas gaúchas); vice-governador; partidos da base do governo estadual; governadora; secretários de estado. Já na ponta de cima se encontram instituições representando o acionar da justiça e da verdade, que em ordem decrescente são: mídia massiva (jornal, TV e rádio); Polícia Federal; Ministério Público; Poder Judiciário. No miolo, e com índices próximos da ponta debaixo se encontram: empresários/setor produtivo; sindicatos de servidores públicos; partidos de oposição.

Diante dos dados acima, cabe o seguinte raciocínio. Os eleitores rechaçam e não confiam em seus representantes de carreira. Se a avaliação do Congresso Nacional e dos políticos profissionais é mínima desde a crise política de 2005, o fato é que o mesmo não acontecia no Rio Grande do Sul. Ao contrário, aqui se fortalecera o mito de que a elite política gaúcha é mais preparada e tem conduta. Mais do que isso, na Província seria, em tese, o único lugar onde a hegemonia de direita não seria fisiológica, mas sim programática. O mito começa a ser desmontado ainda nos casos do Mensalão pampeano, acelera a sua decomposição com a Operação Rodin e cai por terra na soma dos escândalos do governo de Yeda Crusius (PSDB) junto da desconfiança coletiva lançada pela Operação Solidária.

Diante disso, os resultados de apreço para as instituições judiciárias e da PF são óbvios. Os gaúchos vêem a capacidade coercitiva do Estado como uma forma de punir sua elite dirigente. É a lógica implacável de reagir à sensação de impunidade e desconfiança generalizada. Isto vai continuar, e não há factóide que pare este sentimento. Enquanto não se apresentarem as provas materiais das operações Rodin e Solidária, toda a classe política vai pagar o preço de não punir os seus pares.






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