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ISSN 0033-1983
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O vôo da memória


MIguel Arcangel Roscigna, expropriador argentino detido no Uruguai e que foi um dos primeiros desaparecidos no Rio da Prata.

Artigo Revista Voto

A Operação Condor foi uma coordenação continental entre as ditaduras do Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Bolívia na década de ‘70. Foi criada como organismo de inteligência e enlace para operar a guerra suja contra as organizações de esquerda armada e toda e qualquer oposição conseqüente. Não foi a primeira experiência desse tipo, embora tenha sido a mais contundente. Nos anos ’20 e ’30, já existia uma coordenação das polícias políticas no Cone Sul. Em 1931 capturaram o expropriador anarquista, o ítalo-argentino Miguel Arcángel Roscigna e desapareceram com seu corpo no Rio da Prata. Miguel foi o primeiro de muitos desaparecidos políticos no Sul da América.

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No Continente a demanda por verdade, memória e justiça é bandeira permanente de partidos, movimentos e organizações latino-americanas. No Uruguai e na Argentina, os governos de Tabaré e de Kirchner se viram emparedados por seus eleitores, obrigando-os a meter o dedo na ferida. Bem ao contrário do Brasil. Aqui, um presidente ex-sindicalista ainda não recebeu os familiares dos desaparecidos e faz de tudo para não abrir os arquivos das Forças Armadas.

Nunca é demais lembrar que os serviços de inteligência das ditaduras operavam de forma cooperada, seqüestrando, torturando, roubando patrimônio e provocando desaparições forçadas em toda a América Latina, chegando a cometer assassinatos nos Estados Unidos e na Europa. O fato de que muitos militantes desaparecidos de nacionalidade argentina, uruguaia e chilena ter também passaporte de países europeus levou a alguns juízes e procuradores a entrarem na batalha jurídica contra os repressores.

A última medida foi tomada pelo promotor italiano Giancarlo Campaldo. Ele pediu à justiça de seu país a prisão de 146 latino-americanos, ex-integrantes da Operação Condor e diretamente envolvidos com o assassinato de pessoas de ascendência italiana. Dentre os acusados figuram 13 brasileiros, a maioria formada por gaúchos. Após muito tempo, o tema volta à tona em neste país de pouca memória e com “esquerda” de discurso lavado.

A lista completa dos militares e policiais processados pela promotoria italiana está recheada de gaúchos. Os nomes já falecidos são:

- General João Baptista Figueiredo (ex-presidente da República, atuou no RS)

- General Euclydes de Oliveira Figueiredo Filho (irmão do ex-presidente e ex-comandante do 1º Exército, chamado hoje de Comando Militar do Leste)

- General Walter Pires de Carvalho e Albuquerque (ex-ministro do Exército de Figueiredo)

- General Otávio Medeiros (ex-chefe do Serviço Nacional de Informações - SNI)

- General Antônio Bandeira (ex-comandante do 3º Exército, atualmente chamado de Comando Militar do Sul - CMS), atuou no RS

- Coronel Luís Macksen de Castro Rodrigues (ex-superintendente da PF no RS), gaúcho.

Ainda em vida constam:

- Coronel Carlos Alberto Ponzi (ex-chefe da 2a seçao do Estado-Maior, gaúcho)

- Agnello de Araújo Brito (ex-superintendente da PF no RJ)

- Edmundo Adolfo Murgel (ex-secretário de Segurança Pública do RJ)

- General Henrique Domingues (ex-Estado-Maior do 3º Exército, atual CMS)

- João Osvaldo Leivas Job (ex-secretário de Segurança do RS, gaúcho)

O caso levantado pelo procurador Campaldo, acusando aos operadores da seção brasileira da Operação Condor, tem um impacto incomensurável. O seguimento do caso atenta contra o pacto político iniciado ainda no governo Geisel, e culminando com a Anistia Ampla, Geral e Irrestrita e a reorganização partidária. Também se choca com a legitimação da base aliada. Nunca é demais lembrar que o governo de Luiz Inácio conta com ex-arenistas do calibre de Antônio Delfim Netto, Reinhold Stephanes e Geddel Vieira Lima.

Não há como imaginar um futuro distinto se não acertamos as contas com a história. Quando há ausência de memória política coletiva, o futuro pode ser o passado recente.

Coluna Mensal escrita na Revista Voto, No. 40, fevereiro 2008, pág 52, Ano 3






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