O anúncio da posse do jornalista Franklin Martins na supersecretaria de imprensa e publicidade da Presidência, assina mais um cala a boca nas chances de luta e construção de um sistema de comunicação público no Brasil. Não é de hoje a peleia e pelo visto vai continuar. No emaranhado de indefinições, pulula uma falta de definição teórica.
Os conceitos de sistema público como sinônimo ou não de estatal é uma grande e profunda confusão no movimento de comunicação e nos respectivos teóricos e pesquisadores das universidades latino-americanas. Há confusão porque a premissa está errada. É ilusão dos que pensam ser a presença do Estado na etapa neoliberal como encolhida. Ao contrário, em alguns setores é ainda maior do que no período desenvolvimentista, sendo o ente estatal a âncora e o lastro do sistema financeiro, e não o motor do chamado desenvolvimento sustentado.
Na era da hiperoferta de comunicação, concentrar receita e geração de conteúdo é um acerto político em nome da disputa de poder na base da polititica. As teses do mal menor terminam por prevalecer, dinamizando um discurso lavado com uma prática tão ou mais suja do que a das elites anteriores. Sem dúvida, no momento vivido, uma TV estatal, de integração nacional, é uma potência a ser criada. Até podia ser em parte complementar das redes públicas sob controle da radiodifusão comunitária e das TVs comunitárias a cabo. Mas não, sai do politburo neoliberal do Planalto direto para os mortais dos longínquos rincões.
Mais uma vez, o pingo passa encilhado e nós nem chegamos perto do estribo. O jeito vai ser montar em pêlo, mas para isso tem de saber, não basta querer.