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A celeuma em torno do programa de governo do PT

bahianoticias

O presidente nacional da legenda de Dirceu, Genoíno e Cardozo, o também José, este Eduardo Dutra, vê-se emparedado entre o que restara do programa partidário original e a sobrevivência com a aliança junto aos fisiológicos profissionais para vencer o outro grupo de poder que se posiciona ainda mais à direita do que seus aliados de segundo governo Luiz Inácio.

15 de julho de 2010, da Vila Setembrina do Rio Grande de São Sepé, do Continente de Libres, Artigas y Valientes, Bruno Lima Rocha

Mal terminou a Copa do Mundo e o país se depara com o clima de uma campanha em busca de fatos geradores. Na ausência de uma diferenciação ideológica profunda entre os candidatos favoritos a disputa fica morna, girando em torno de eixos comuns. Embora distintos em matizes menores, tanto José Serra (PSDB-DEM), como Dilma Roussef (PT-PMDB) e Marina Silva (PV) são condicionados pela compreensão média de um eleitor ainda pautado pela mídia. É por isso que o esforço dos candidatos se parece ao modo de produção das indústrias culturais de consumo amplo. Todos têm de diferenciar entre si e assemelhar-se à compreensão mediana pautada pelo senso comum. Se os concorrentes forem idênticos, a escolha resume-se a pouco mais que aleatoriedade. Já se um destes destacar-se na média palatável pagará um preço por demais elevado para candidatos que nem sequer são de esquerda.

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Nesse sentido, compreendo a linha de comunicação política adotada por Dilma como sendo a de pagar o menor preço possível por suas propostas. Para a herdeira de Luiz Inácio, o melhor dos mundos é seguir distribuindo renda e reduzindo a extrema pobreza mediante o ingresso de mais camadas da população para o mundo dos direitos e do consumo. Já o preço do acesso de setores de classes C e D, é atenuado pelo incremento do modelo de plataforma de exportação de produtos primários; de posturas sólidas e conservadoras na opção preferencial pelos bancos; e no aumento paulatino da presença do Estado na economia, agindo também como fiduciário de fusões e incorporações generosamente irrigadas pelo Tesouro Nacional. Ao propor-se a administrar esse conflito interno inerente da política poli-classista concretizada através de uma aliança com o maior partido do Brasil, a legenda de José Eduardo Dutra vê-se emparedada. De um lado, o que restara de seu sentido de crenças com legítimas origens na esquerda de base com inspiração católica e reformista. De outro, a escolha pela tal da governabilidade, traçada já em 2002 na Carta ao Povo Brasileiro.

Entendo que toda a celeuma em torno do programa de governo do PT é o reflexo deste conflito da democracia de candidaturas e não programática. Para se governar no Brasil sem modificar a balança desigual de distribuição de poder, é preciso atravessar algumas barreiras exercidas pelos detentores de capacidade de veto. Estas barreiras podem ser institucionais, como os poderes constituídos; ou estão na capacidade de imposição de agenda, como é o caso dos líderes do oligopólio dos meios de comunicação em escala industrial. A banca, o latifúndio e os conglomerados industriais foram co-beneficiados no governo de Lula. Mas, nem por isso se identificam com seu mandato e menos ainda com a sucessora. De quatro em quatro anos, mais valem os vínculos e identidades ideológicas do que os balancetes positivos acumulados.

Do ponto de vista do capital, a precaução em relação ao programa original do partido de governo é ideologicamente lúcida. Primeiro, porque alerta entre os pares que o fiel da balança da aliança Dilma e Michel Temer é a legenda controlada por José Sarney e Renan Calheiros; isto considerando que eles e seus correligionários “responsavelmente” rejeitaram um programa que atentava contra seus interesses. Segundo, porque entende a necessidade de extirpar os últimos traços e suspiros socializantes contidas no Programa Nacional de Direitos Humanos, evitando assim improváveis “surpresas”.

Este artigo foi originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat






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