É costume de alguns países que os veículos de comunicação explicitem suas posições perante a sociedade e a política. Muitos entendem que isso tornaria obtusa a leitura e a recepção destes órgãos. Discordo profundamente.
No Brasil, ocorre o mesmo, mas o nosso querido e maltratado ofício jornalístico fica em segundo plano perante o utilitarismo de capitães da indústria de bens e signos. Não há problema de fundo em ter uma posição política. Antes afirmar esta posição do que armar um discurso pretensamente generalista e universal que, quando muito, apresenta visão parcial de classe da sociedade.
Toda informação deriva para uma narrativa e desta para a versão o trecho é de tiro curto. Na maioria das vezes, falta informação factual e sobra versão e discurso opinativo. Carente de conceitos, o jornalista de opinião repete o senso comum. Um jabá aqui e outro acolá, conforme ilustres colunistas do pago têm a mania de buscar, ajudam a inundar o banhado.
Em nível nacional, o mesmo se repete. Pondo frente à frente as capas da revista Veja do grupo Civita-Naspers e a capa da revista semanal de Mino Carta, outrora de oposição e vemos duas versões beirando o absurdo. A primeira tensiona o STF a decidir pela punição dos mensaleiros. A segunda afirma em alto e bom som que não existe prova material do Mensalão.
Curiosa coincidência... as finanças do BMG e do Banco Rural não foram devassadas. Tampouco a rede de concessão de crédito consignado para pensionistas e aposentados. É como o escândalo da tragédia em Congonhas. O pau pega na Anac, o que é correto, mas à exceção da valentia do âncora da Band News Ricardo Boechat, nenhum vento sopra na direção da TAM e da GOL. Por que será?
Nota originalmente publicada na página de Claudemir Pereira