Bruno Lima Rocha
4ª, 24 de setembro de 2008; Sevilla, Andalucía, Estado Español
No jornal El País de Madrid, edição de 2ª 22 de setembro (p.41), a repórter Elisa Silió aponta uma possibilidade no mínimo interessante para o desenvolvimento educacional. A projeção de Portugal e Espanha no cenário da globalização implica na consolidação de sua presença naquilo que estes governos chamam de Iberoamérica (América Latina e Península Ibérica). Fruto dessa projeção esses Estados analisaram a educação como problema estrutural dos 19 países latino-americanos e tema da Cumbre de Presidentes Iberoamericanos. Na próxima reunião, que será em El Salvador em outubro, apresentarão um estudo chamado "Metas educativas 2021: a educação que queremos para a geração dos bicentenários", feito pela Organização de Estados Iberocamericanos para a Educação, Ciência e Cultura (OEI).
O mecanismo de intervenção será através de acordos múltiplos e a existência de um Fundo Internacional Solidário para a Coesão Educativa. Os dois Estados que nos colonizaram irão aportar 40% de um total de 2 bilhões de euros. Não vai ser fácil elevar os níveis cognitivos dos latino-americanos. Estamos falando de 100 milhões de analfabetos e mais de 34 milhões de pessoas na extrema pobreza. A educação básica está alcançando a todos, mas o analfabetismo funcional atinge entre 40% e 60%. Em termos de equipamento físico, as instalações deixam a desejar: 25% das escolas não têm água potável; 35% delas faltam banheiros adequados; 63% não têm sequer um computador; e somente 50% têm bibliotecas.
Para o mundo que vivemos a educação de segundo grau com habilitação para o trabalho seria um dos fundamentos da nova economia. É nesta faixa que o Brasil colabora para piorar as estatísticas, pois 77,8% dos jovens daqui estão matriculados no ensino médio e apenas 46,9% o completam. Esta lacuna é a ponta de lança do subemprego e do baixo nível do setor de serviços. Neste quesito nosso país contribui na média geral. No quesito ensino médio generalista, 94% dos jovens de classe média alta e alta o terminam, enquanto apenas 8,7% do total de estudantes de classes desfavorecidas conseguem completá-lo.
Qualquer técnico governamental sabe que a distribuição de riqueza nasce do acesso universal aos serviços públicos. Resta saber se a OEI e seu Fundo Educacional irá exercer a pressão suficiente para superar as travas e barreiras que cada país impõe sobre o crescimento educacional de seu próprio povo.