Não há como evitar a tragédia social que se abate no Rio de Janeiro. Assumiu o governo de Sérgio Cabral Filho e é como se nada houvesse antes de sua posse. Na verdade, na mais pura e dura verdade, o problema de fundo é que a única solução é a intervenção federal por dentro das forças de repressão estaduais. Ou seja, que a PM e a Polícia Civil fluminenses não mandem mais em suas próprias tropas e pessoal. Do contrário, não haverá faxina o suficiente.
Algum dia, o Estado viria a se reconstituir em áreas de favela, possivelmente na sua versão mais deplorável. E não deu outra. A polícia mineira, herdeira dos grupos de extermínio, entreverada com a tradição do E.M. (do 10 por 1), da Invernada de Olaria, Homens de Ouro e outras aberrações, ressuscitariam das entranhas do sistema policial falido. Quem viu a Ocupação da Maré e quem leu os livros de Luiz Eduardo Soares, junta a teoria com a empiria, tapa o nariz e segue em frente. Não há saída de curto prazo, e o governo Lula é muito, mas muito responsável por isso.
O momento ímpar foi o ano de 2003. Superando as crises do Espírito Santo, do Rio de Janeiro e do sistema penitenciário de São Paulo, bastava aprovar a Lei Orgânica da PF e o castelo de cartas do IPL, do poder sem fim de delegados e coronéis caía por terra. Na ausência de governo, quem caiu foi o reformador de boa vontade e a derrota sobrou para os grevistas da PF do início de 2004.
Agora senhores governadores, ou mudam os regimentos das polícias estaduais, ou não adianta nada chamar a FNSP para o Rio de Janeiro. A não ser que minha suposição esteja correta. No alto do cinismo, o que se quer é salvar o produto Carnaval Carioca. O resto, literalmente, que se exploda.