A Organização Desportiva Panamericana, além de ser a organizadora dos Jogos Panamericanos, pouco ou nada faz para o avanço das modalidades olímpicas. Não se trata aqui de ficar reclamando de cartolagem, ou então dos já conhecidos contratos superfaturados. Não, o problema aqui é do clássico da política. Estamos debatendo correlação de forças, prestígio e status.
Caro leitor, reconheço vossa fidelidade e asseguro que não peguei carona na Pan-Mania. Nem para adular, tampouco para só bater. O problema é de outra ordem. A presença de delegações de ponta nos Jogos Panamericanos fica prejudicada pelo critério aplicado pelo Comitê Olímpico Internacional e também por diversas Ligas e Federações Mundiais.
O pior dos exemplos é dado pela maioria das modalidades, que não classificam para as Olimpíadas. Os EUA não enviam o Time A completo por esse motivo. O calendário nunca fica compatível, e o fato de um atleta conquistar o ouro panamericano não classifica automaticamente para os Jogos Olímpicos. Podem alegar que é problema de índice, mas isso é bobagem. É problema de correlação de forças, valorizando os campeonatos e circuitos de ponta, quase nenhum deles sediado na América Latina. Um atleta de ponta pode manter o planejamento para tentar esse ouro ao máximo e garantir a consagração olímpica. O mesmo vale para os competidores estadunidenses.
Mas, a colonização e a estupidez organizativa não são privativas das modalidades olímpicas por índice. No esporte coletivo vale o mesmo. A Liga Mundial de Vôlei masculino encerra com o Pan já em andamento. A gloriosa FIFA de Blatter e Havelange comete o absurdo de organizar uma Copa América e um Mundial Sub-20 quase simultaneamente. Por fim, a FIBA organiza um Pré-Olímpico das Américas e não indica a classificação automática para a equipe medalha de ouro no basquete masculino. Basquete brasileiro, de outrora tantas glórias, e hoje penando para convocar uma equipe repleta com profissionais da NBA.