O estilista Clodovil Hernandes (PTC-SP), eleito deputado federal por centenas de milhares de paulistas, retrata em seu pití no plenário o escárnio auto-promovido pelo estatuto da “renovação” política no Brasil. Como o voto é nominal, e uma vez que não existe mais a cédula para serem eleitos personagens, o eleitorado inventa suas novidades. Não há explicação plausível, a não ser a caricatura ambulante da classe política prestadora dos desserviços para o Brasil. Em 1994, Romário fora eleito senador por vários estados. Agora, na urna eletrônica do Cepesc-Abin, deu Clô e Frank Aguiar na cabeça!
A última legislatura atingiu o ápice de sua capacidade de gerar fatos políticos, aprovar orçamentos extra-orçamentários e terminar por fazer de bodes expiatórios a tipos emblemáticos como Roberto Jefferson e Zé Dirceu. Saiu o Zé e voltou o Paulo, o Maluf, o homem da PetroPaulo e dos US$ 220 milhões de dólares. Se isto não é voto de protesto, então é de cinismo. Terminam por gerar uma função social. Cresce a oferta de combustível para tipos como eu, que ridicularizam a condição de ridícula dos neoinstitucionais quererem justificar e tornar legitimo esta forma de democracia de procedimentos absurdos.
A tragicomédia é ainda por cima reincidente. Há 20 anos atrás o estilista Clodovil, ex-participante do programa das manhãs globais, chamado TV Mulher, foi retirado do ar por força maior. Em um programa de TV, já fora da Globo é verdade, Clodovil comparou o Centrão da Assembléia Nacional Constituinte com uma “Prostituinte”. Perdeu o programa e ganhou fama de maldito por um tempo. Agora, com seu pití contra o plenário que não se calara perante sua sinceridade cômica, ralhou com Paulo Salim Maluf, o homem de 220 milhões de dólares.