Um dos comentários referentes a meu artigo publicado no Noblat, ontem, dia 28 de março de 2006, me chamou muito a atenção. Reproduzo abaixo, citando que a fonte é a caixa de texto dos comentaristas aos artigos e notas do Noblat:
“sanfoneiro
A parte jornalística do artigo é legal. As conclusões do "cientista político" é puro wishful thinking. Precisa ler mais. Ou nunca ouviu falar de Robert Michels?”
O leitor que assina como “sanfoneiro” cita a Michels, o homem da lei de ferro das oligarquias e um dos gurus da ciência política neo-institucional. O alemão que se fez muito simpático ao fascismo italiano e faleceu quando Hitler completara dois anos de governo, é o típico autor europeu e eurocêntrico que nós, meros scholars sudacas-cucarachos, somos propelidos a ler e decorar.
Ao final, o comentarista diz que o texto é “jornalístico” por um lado, e inocente por outro. Não conheço esse cidadão, mas sim os chavões. Desta vez, por vontade própria ou como reprodutor de discurso, o lado B vestiu a carapuça e passou recibo.
Me perdoem os leitores sem ligação direta às pendengas e peleias acadêmicas, da interna do campo da “ciência” política. Me pareceu muito interessante este comentário. Nem o tal do wishful thinking escapa dos chavões do neoinstitucionalismo + escolha racional + individualismo metodológico.
Também, depois de tanto pau que dei nos artigos, em algum momento haveria uma manifestação, por mais sutil e sofisticada que fosse. Agradeço ao “sanfoneiro” pelo comentário, me alertou para um fato. O lado B está lendo, e bastante, o wishful thinking periodístico que escrevo.
Forte abraço para os SANFONEIROS, tocadores de BANDONION, GAITA DE 8 BAIXOS, SANFONA DE BOTÃO e todos os chamameceros. Como resposta ao wishful thinking,lembro de nosso poeta maior, Jayme Caetano Braun (Paisagens Perdidas, Heranças):
“está chorando a cordeona,
nos baixo e nas hileras,
e o mate amargo me fala
de fronteiras,
de lanças,
de clarins e do choronas,
no meu estilo de guardião,
dessas bandeiras
que foram glória
das querências chimarronas!”
Parábola final: triste do povo que valoriza seus medíocres intelectuais tradutores e intérpretes de literatura colonialista com ares “científicos”. São os mesmos que, ao ouvivem o CLARIN, saem disparando.....pro exílio!