O presidente em um arroubo de sinceridade, declarou em almoço de confraternização promovido pelo aliado, o Grupo Alzogaray, não ser mais de esquerda. De fato, Luiz Inácio não tem mais o comportamento nem as pretensões de algum tipo de esquerda. Talvez, e digo talvez com várias aspas, a idéia de esquerda associada ao romantismo, seja vista pelo presidente como algo infantil. Conceitualmente, isto é uma falácia política.
Não é de hoje que a idéia romântica é associada a infantilidade política. Lênin teve a infeliz autoria da frase quanto da doença infantil do socialismo, tal e qual a doença senil do stalinismo e por aí as esquerdas mundiais, em especial as eurocentradas, tem um talento nato para uma coletânea de chavões e taxativas afirmações para desqualificar os concorrentes da “esquerda”. Lula repete para os ex-inimigos de classe, aquilo que eles mesmos dizem entre si, na certa para convencer os filhos, ou ao menos os filhos de outras gerações.
É típico comportamento de quem adula o poder, os poderes de fato, ainda que aliados comprados, como os empresários da comunicação, incluindo o clã dos vascos Alzogaray e dos brimos Saad. Desnecessária adulação de um chefe de Estado que insiste em ser aceito donde nunca fora bem vindo, no máximo, se tanto tolerado. Reconversão das elites é o canto da sereia de quem não quer reconverter a sociedade. Ao invés de adular, falta ao presidente o reconhecimento nato, como já o tivera dos companheiros, identidade hoje que aquele que fora interventor sindical na Vilar insiste em renegar.
Também pudera Luiz Inácio não é nem Bush nem príncipe, como FHC. Embora tenha sido cabo eleitoral do segundo no longínquo ano de 1978, Fernando Henrique, este sim, fora de “esquerda” como uma travessura de tempos uspianos, indo no embalo da finada Maria Antônia. Lula nunca teve esse embalo, não existia embalo no Madureza nem no Senai. Para não virar suco de laranja, Luiz Inácio esmaga o bagaço da fruta que sobrara de sua própria trajetória.