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A Copa do Mundo e a lacuna democrática – 2


Já o apelo publicitário gerou benefícios para o povo brasileiro. Este veio através do lema: “Vem pra rua, porque a rua é a maior arquibancada do Brasil”. O efeito indireto dele foi interessante. Ultrapassou a forma mercadoria e operou como catalisador da indignação nacional com os desmandos da FIFA e a inversão de prioridades.

21 de maio de 2014, Bruno Lima Rocha

Dando sequência ao artigo da semana anterior, neste texto, exemplifico duas formas de manipulação da “paixão nacional” ocorridas na montagem da Copa do Mundo. Uma trata da distribuição por todo o território das cidades-sede e outra do apelo publicitário revivido a cada quatro anos.

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O Brasil sedia neste ano uma competição espalhada pelo país. Temos a representação de cinco regiões do Brasil e doze cidades-sede da Copa de 2014. São elas: Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG), Cuiabá (MT), Brasília (DF), Fortaleza (CE), Natal (RN), Salvador (BA), Recife (PE) e Manaus (AM).

A manipulação que me referi semana passada diz respeito não ao fato não de termos sedes em todas as grandes regiões do país; a crítica recai nas escolhas de capitais com inferior tradição futebolística. Um exemplo é o Centro-Oeste, onde o poderoso futebol goiano não estará representado, sendo substituído por centros menores no esporte, como o Distrito Federal e Cuiabá. O mesmo ocorre na Região Amazônica. Belém tem duas potências dentro das quatro linhas, e ainda assim não entra como sede, dando lugar a Manaus.

Em ambos os casos, após o torneio, os novos estádios não serão utilizados com a mesma intensidade do que seriam tanto o Mangueirão (Belém) como o Serra Dourada (Goiânia), caso reformados para o evento. O argumento de nacionalizar a competição mundial da FIFA não corresponde à dimensão nacional do futebol e sim a interesses oligárquicos que compõem a sempre fluida base “aliada”. O efeito direto é a sobrevalorização do solo urbano, atendendo aos consórcios locais de grandes obras, eternas clientes das verbas públicas.

Já o apelo publicitário gerou benefícios para o povo brasileiro. Este veio através do lema: “Vem pra rua, porque a rua é a maior arquibancada do Brasil”. O jingle foi interpretado pelo respeitável grupo O Rappa, sendo de autoria do compositor e cantor Wilson Simoninha e fora encomendado pela campanha da FIAT de 2013.

Seu efeito indireto foi interessante. Ultrapassou a forma mercadoria e operou como catalisador da indignação nacional com os desmandos da FIFA e a inversão de prioridades. Ao promover a participação popular, chamou a atenção para a hegemonia mercantil e transnacional do esporte, e ajudou na crítica da associação de símbolos e cores com a “paixão nacional”. Ironia da história contemporânea, nós fomos convocados a aderir ao evento como “brasileiros”; mas, por sorte, estamos protestando como argentinos.

Artigo originalmente publicado no blog de Ricardo Noblat.






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