Em algumas situações, o Senado da república torna-se uma comédia de tipo pastelão. Após afirmar esta constatação, revejo o que disse, compreendendo que se trata de arrogância elitista. Sim, porque o cinema brasileiro da era Vera Cruz, da chanchada, de Grande Otelo, Mazzaropi e Oscarito não merecem a comparação. O padrão de comportamento grotesco ficava apenas dentro das telas. Não é o caso da Brasília pós-moderna.
O affaire Renan-Mônica, recheado de personagens de nosso folclore literário – pobre do Monteiro Lobato – nos faz ver que, entre Pedro Bós e Zé Goiabas, estão quase votando uma reforma política! Isto para deleite da sabedoria neo-neo (neoinstitucionalista + neoliberal), vorazes consumidores de artigos importados na forma de conceitos acadêmicos mal engolidos e de péssima digestão. Na 2ª dia 18 de junho, o diálogo entre os advogados, tanto o da ex-musa da Rede Globo DF e o nobre defensor legal do senador Calheiros ofertou-nos o caldo de cultura que fará o melting pot das elites política devidamente reformadas e em listas semi-fechadas.
Não nos surpreende a cegueira da caixa de ressonância de quem defende a reforma política como solução. O problema é crer na própria mentira. Sem uma mudança nos padrões atitudinais (de reflexos e reação imediata) e longitudinal (na escala de valores) da forma nacional de fazer política, teremos uma saída tão chinesa como o arroz “chop suey” criado nas cozinhas da ChinaTown de San Francisco. Vejam que interessante; importamos conceitos neoliberais e tentamos aplicá-los na classe política das arrobas de bois superfaturados.
Se a prescrição implica na cura do problema, caso fosse aplicada por médicos, a “solucionática” neo-neo daria numa pandemia ampla, geral e irrestrita.