Realmente, compreender o que se passa na cabeça de Carlos Alberto Parreira, é tarefa para poucos. Não vamos discutir táticas de futebol com ares de estratégia para o desenvolvimento nacional, mas que por vezes o homem de confiança de Ricardo Teixeira supera a nossa capacidade de paciência, ah isso supera. É provável que ganhemos o hexa, esta chance é grande, mas a forma de jogar é irritante, abusiva de nossa condição de torcedor brasileiro.
Parreira está com tudo nas mãos. Nos bastidores, a CBF tem um peso relativo que, se fora exercido na ONU, seríamos uma potência global em todas as áreas. Fora de campo, a entidade do sogro de Havelange lhe oferece todas as vantagens e condições possíveis de trabalhar no mercado global do futebol. O Brasil ganha no tapetão, deita seu peso sobre as arbitragens e sempre será o favorito no esporte mais praticado no mundo. Para a seleção, sobram recursos, bolsas, patrocinadores e estrutura física. Temos tudo, menos uma cabeça sem vergonha de exercer nossa própria forma de jogar.
É certo que se a corda arrebentar, caem Parreira, Zagallo, Américo Faria e toda a turma do Rio de Janeiro, criada a partir da lealdade para com a panela do Velho Lobo e das boas relações deste homem com os manda-chuvas do futebol e do destino do país. Até a cobertura de mídia está a favor da CBF. A Globo quase não bate, reclama pouco, lembrando em seu íntimo que os 90 milhões em ação de 1970, hoje são 180 milhões; já a nave mãe, não apenas apóia o regime, mas é o regime, e faz de metalúrgico a príncipe da Sorbonne dobrarem-se de joelhos perante o clã dos Marinho.
Teríamos tudo e não temos nada...mas ao que tudo indica, vamos indo bem, crescendo em campo, contando com a sorte e a boa forma de Dida. A maldita mentalidade conservadora e defensiva, o gene da retranca, o ferrolho cafuzo oriundo do subúrbio carioca volta à carga na quarta vitória consecutiva na Alemanha. Pena que a vitória de 3 x 0 foi contra Gana. Quando o time brasileiro ganha de uma seleção africana, 65% de nós se sente ganhando de nós mesmos.