O Brasil é um país de contrastes e duplo discurso. Na defesa da república todos os políticos manifestam-se favoráveis, desde que as leis os beneficiem. Quisera que esta Nota fora um ataque sem fundamento. Não o é. É a descrição factual e simplificada da realidade. Vejamos.
Quando a PF trabalha, os operadores políticos do Congresso evocam os direitos individuais. Quando não age, a conta é paga pelo governo de turno. Entre a tormenta e a caneta, a mídia entra como denunciante. A OAB vem reclamando de que escritórios de advocacia estariam sendo investigados, invadidos de noite por agentes federais. Estas incursões, até onde se sabe, têm autorização da Justiça. Alegam os advogados que isto inibe o direito de ampla defesa. Comparando o número final de presos após indiciados veremos que é justo o oposto.
Mais confusão ainda em relação ao “vazamento” de grampos. Se e caso os mesmos não atrapalhem futuras investigações, sendo autorizados sob ordem judicial, o conteúdo das conversas e comunicações tem de ser levados a público. Entre a privacidade e o erário público, façamos uma pesquisa e veremos que a opinião da maioria é com a segunda.
Ciclicamente o direito a opinião é tolido pelo governo de turno porque este tenta impedir que a informação circule. Na Era FHC, a tentativa foi de calar os procuradores com a chamada lei da mordaça. Já com Luiz Inácio, o gaúcho Tarso Genro insinua semanalmente que a PF comete “excessos”. Se não houvesse crime do colarinho branco, a audiência dos telejornais com titulares motivados pela elite policial brasileira seria irrelevante. Não é e pelo visto, continuará tão vivo como a criatividade dos que batizam as operações.
Nota originalmente publicada no portal de Claudemir Pereira