Neste exato momento quando redigimos esta Nota, José Dirceu sobe ao púlpito da Câmara Federal. Seu discurso já dura em torno de 10 minutos. Dirceu, pode estar subindo ao seu cadafalso.
Este homem girou seu pensamento e prática política de uma linha de oposição pacífica a ditadura militar, passando pela luta armada, o reformismo de massas até girar ainda mais à direita agora do que nos tempos que militava no PCB de São Paulo. Embora advogado formado, baseia sua defesa em prerrogativas jurídicas.
Se for seguido à risca sua base argumentativa, será absolvido. O reconhecimento de seus "erros" oscilam entre o perdão ao antigos inimigos, tais como o deputado Fiúza do PP de Pernambuco; assim como a revisão de algumas medidas de governo.
Dirceu está contra a parede e neste exato momento, Luiz Inácio treme. Talvez sua tremedeira seja uma consequência de sua falta de ímpeto para fazer política. Dirceu se cair, e já está caindo, cairá de pé, sem entregar a nada nem a ninguém. Além, é claro, dos bodes expiatórios Delúbio Soares, Sílvio Pereira e o laranja deles, Marcos Valério.
Este giro da política para os jargões jurídicos, é a própria ausência de política. Dirceu foi duplamente derrotado. Tanto na política interna de seu governo, tendo de engolir o monetarismo da turma de Meirelles - que ele mesmo aceitou co-governar - assim como abrir mão do cargo e do prestígio para não manchar o nome de Luiz Inácio.
Dentro em breve saberemos o final trágico da telenovela política das CPIs. De fato mesmo, é a certeza da espetacularização da política, passando antes por um fato midiático do que pelo debate e decisão direta.
" Grande lição democrática".
Dirceu, ele próprio, se considera sob o Terror de Robespierre, com a cabeça na guilhotina. Interessante as voltas que o mundo dá. Um homem denunciando um clima de controle e perseguição por ele mesmo praticado por décadas na interna de seu partido.