No hemisfério norte, o diário Financial Times (FT) já decretou a sentença. Em editorial de 27 de setembro de 2014, o jornal “econômico”, autêntico porta-voz do capital financeiro, anuncia a tragédia das potências emergentes. Aqui, a Carta Maior, portal a favor do governo de coalizão que opera como consciência crítica por esquerda, alertou. Segundo os financistas londrinos, à altura do The Economist (conhecido como The Propagandist), Brasil, assim como Turquia e África do Sul seriam países fadados ao fracasso. Como estaríamos em “crise”, não teríamos outra saída a não ser um arrocho pesado.
A mentira tenta se fazer concreta através da opinião publicada. Em cadeia, os capitais voláteis iriam correr para alimentar a superpotência, deixando à míngua o refinanciamento dos países do G-20. Os Estados Unidos repassam sua dívida pública pelo mundo e com isso financiam o complexo industrial-tecnológico-militar, torrando cerca de UsD 840 bilhões de dólares em 2015. Como não há orçamento capaz de dar conta desse absurdo, sendo que a produção industrial dentro do território dos EUA equivale a menos de 10% de seu Produto Interno Bruto (PIB), por períodos é necessário sugar os recursos financeiros mundiais.
Trata-se de um jogo de força. Se os capitais vão para os EUA, logo fugirão dos emergentes. Para manter os ganhos de bancos e especuladores, o alvo é tomar conta da autoridade monetária das economias que valem à pena serem disputadas. Os porta-vozes dos especuladores apontam suas baterias para o Brasil (líder latino-americano) e os pares do país, respectivamente, a maior economia africana (África do Sul) e do mundo islâmico (Turquia). O mundo observa um novo eixo econômico (através dos BRICS e os países líderes regionais), mas está distante de outra hegemonia financeira. Nesta disputa pelo controle da expansão capitalista, o papel do Brasil é central.
O segundo turno será uma colisão entre uma candidatura de centro-direita (o Lulismo e aliados oligárquicos) e um adversário neoliberal. Com Aécio, o país se alinha aos desígnios dos fundos de investimento, bancos privados, aplicadores em paraísos fiscais e outros agentes transnacionais. A Banca nunca perde. Embora prefiram os tucanos, mesmo que Dilma vença, os financistas internacionais vão querer garantir o núcleo duro da equipe econômica do vencedor.
Artigo originalmente publicado no Jornalismo B, quinzenário impresso de Porto Alegre e Região Metropolitana